quarta-feira, 18 de maio de 2011

Política cultural de SE é debatida no plenário da Alese


“Esta é uma tarde histórica para a cultura sergipana”. Foi assim que a secretária de Estado da Cultura, Eloisa Galdino, iniciou seu discurso sobre o trabalho da instituição em prol da cultura sergipana na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). A discussão aconteceu na tarde de terça-feira, 17, durante audiência pública. Essa foi a primeira vez que a política cultural do Estado foi debatida no plenário da Alese.

A idéia da audiência surgiu a partir de uma visita realizada pelos deputados que compõe a Comissão Parlamentar de Educação, Cultura e Desporto, à Secult, no mês de abril. Na ocasião a secretária foi convidada pela Comissão para ir ao plenário da Alese apresentar e discutir as ações que foram e estão sendo implementadas pela pasta nos últimos dois anos.

“Nos colocamos a disposição desses debutados e decidimos provocar um debate ainda mais consistente trazendo o tema da cultura e da política de cultura, que neste momento esta sendo conduzida em Sergipe, para esta casa. Esta é uma tarde muito importante, pois não lembro na minha trajetória de vida pública, de ter havido nesta plenária um debate sobre política de cultura. Acredito que trazendo isso para a Assembleia, esta casa está agindo em consonância, ao que acontece no Brasil”, afirmou a secretária Eloísa Galdino.

A deputada Ana Lúcia, presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, concorda com a afirmação da secretária de Cultura e ressalta que a presença da cultura na pauta da Assembleia, é reflexo do trabalho que está sendo realizado pela pasta. “A Cultura é muito ampla e o que nós queremos aqui é discutir um pouco sobre as diversas ações que estão sendo realizadas pelas Secult. É a primeira vez que está pasta está tendo um planejamento e um cuidado. Claro que ainda há muito o que se fazer, mas confiamos no trabalho de Eloísa Galdino e sabemos que tudo que é possível, está sendo feito por sua gestão”, completou.

Pautas do debate

Em sua apresentação, a secretária falou a respeito das mais diversas linguagens da Cultura e destacou alguns projetos que tem mudado a realidade da cena sergipana. “Temos eixos de trabalho bem definidos e alinhados com a Política Nacional de Cultura. O que temos feito, portanto, é um acúmulo do que está sendo realizado nacionalmente, juntamente com diretrizes traçadas com os fazedores da nossa cultura”, explicou a gestora.

Eloísa tratou de três prontos principais em sua exposição: a capacitação dos agentes culturais de Sergipe, os investimentos nas mais diversas áreas e as parcerias, fundamentais para que a cultura sergipana seja o que é o hoje.

Tratando da capacitação, a secretária elencou projetos realizados desde o início de sua gestão e que são realidade até hoje, para agentes das mais variadas áreas da cultura. A secretária falou a respeito da Oficina de Negócios da Música, ocorrida em outubro de 2009 e que evoluiu para o Música (in) formação, projeto que resultou na criação do ‘Fórum Música Sergipe’. Além disso, discorreu sobre ações realizadas para o Audiovisual; sobre o Curso de Gestão Cultural, realizado em parceria com o Itaú Cultural; além dos muitos outros projetos que seguiram esta vertente.

Eloísa abriu um parêntese especial ao falar sobre o ‘Birô Cultural’, uma iniciativa que ocorre desde o mês de março e que tem circulado os oito territórios sergipanos, levando aos fazedores de cultura de todo Sergipe, maneiras de aprender a elaborar seus próprios projetos e assim adquirir fundos para viverem da sua arte. “Ser artista é uma atividade fantástica, mas ela precisa ser rentável. Para assim ser, o artista precisa se ver como agente de uma cadeia produtiva, para assim viver de sua arte”, disse.

A gestora da Cultura falou ainda sobre pontos como os Microprojetos Culturais para o Semiárido; sobre a política editorial, citando o recente edital elaborado pela Secult e que irá lançar, através da Segrase, livros de escritores sergipanos; e tratou ainda sobre os Pontos de Cultura, que em breve terão sua rede ampliada em Sergipe.

Quando iniciou sua palavra sobre as artes cênicas, a secretária falou a respeito do Sergipe em Cena, projeto consolidado na área, que conta com oficinas, cursos, e que fortaleceu a circulação dos grupos locais, graças a editais como o César Macieira e o projeto Temporadas, ambos ocorridos em 2010. O Sergipe em Cena também foi a base para que o grande sonho da classe artística de Sergipe fosse realizado, o I Festival de Teatro Sergipano, ocorrido este ano. Ainda neste aspecto a secretária citou a V Semana Sergipana de Dança, que iniciará amanhã e terá acesso gratuito em todos os espetáculos.

Ações para a música

Além dos projetos de capacitação citados pela secretária que ocorreram na área da música, muitas outras ações foram realizadas durante esses dois anos de mandato. As coletâneas musicais Sergipe Finest e Music From Sergipe e o projeto ‘Sergipe Exporta Som’, produzidos em parceria com a Fundação Aperipê, constante parceira da Cultura, são prova de que a música sergipana trilha bons caminhos.

Graças às ações destes projetos a música sergipana esteve recentemente em Madri, na Espanha, onde Café Pequeno, Cobra Verde e Patrícia Polayne, artistas sergipanos, participaram do Festival TenSamba, um dos maiores eventos de cultura brasileira no exterior. “Estes projetos são forma de adquirir visibilidade para a música de nosso Estado, e estamos conseguindo. A presença dos nossos músicos em Madri, sendo aplaudidos de pé, é a prova concreta disso”, afirmou Eloísa.

Além das coletâneas a secretária falou a respeito das ações de interiorização e popularização da música clássica, em Sergipe, através da Orquestra Sinfônica e sobre o aumento constante de músicos sergipanos no Verão Sergipe, graças a presença da Arena Multicultural, que seleciona esses artistas através de edital.

Muitos músicos e artistas sergipanos estiveram presentes na plenária e ouviram atentamente as afirmações da gestora. Para responder a ansiedade de todos, a secretária falou a respeito da programação dos festejos juninos deste ano, e esclareceu que os espaços pertencentes a Secult e que funcionam com o período é o Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, o Gonzação e o Centro de Criatividade.

“Não temos um artista que seja de fora de Sergipe contratado para esses espaços. O que queremos é promover a música sergipana, mostrá-la aos nossos conterrâneos e turistas. O que temos no Arraiá, por exemplo, é ume espaço com comidas típicas, artesanato, apresentações culturais e com as manifestações mais legítimas da nossa gente”, lembrou, ressaltando que o formato existente hoje, foi reivindicação dos artistas e entendimento do poder público de que o sergipano precisa valorizar o que é da terra.

Eloísa lembrou ainda das Liras Sergipanas, um macro projeto que visa revitalizar, registrar e promover a circulação e capacitação dos músicos das filarmônicas. A iniciativa tem como objetivo ampliar as oportunidades de apresentações de Bandas Filarmônicas, aproximando o público sergipano delas e qualificar estes grupos através de cursos de capacitação.
Teatro Artheneu

Outro ponto tocado na plenária e que mereceu destaque da secretária e dos deputados presentes, foi o Teatro Atheneu. Fechado para reforma há algum tempo o teatro passou pór uma completa reestruturação e está, fisicamente, pronto para reabrir suas portas. Porém, existe uma pendência para a compra do equipamento cênico do espaço, que impede sua reinauguração. “Estamos lutando junto ao Ministério para que a verba, fruto do convênio que assinamos com o MinC e que já estava autorizada, finalmente seja destinada a Secult”, argumentou Eloísa.

Em seu discurso, a secretária não deixou de citar e agradecer a todos os parceiros da iniciativa pública e privada que sempre apóiam os projetos que ela os apresenta, citando nomes como o Sebrae/Se, Segrase, Fundação Aperipê, Petrobrás e Ministério da Cultura.

Trabalho aprovado

Entre os deputados que estavam presentes na plenária, o reconhecimento pelo trabalho que está sendo realizado pela secretária, foi unânime. Todos os deputados falaram a respeito dos desafios e cercam a pasta da Cultura e reconheceram o esforço da secretária Eloísa.

A deputada Maria Mendonça, integrante da Comissão Parlamenta de Educação, Cultura e Desporto, por exemplo, falou a respeito da valorização que a Secult tem dado ao artista local, inserindo-o nas festividades. “Há alguns anos, observávamos como os nossos artistas não eram considerados, nem pelo poder público, nem pela população. As programações não valorizavam os artistas da terra, e hoje podemos ver que esta realidade está mudando”, declarou.

Já o deputado Garibalde Mendonça, vice presidente da casa, falou a respeito da iniciativa em trazer um debate tão construtivo para o povo sergipano, que é a cultura, para a casa legislativa. “Este é o meu quarto mandato como deputado estadual e é a primeira vez que vejo uma audiência pública dessa natureza, onde tem a participação de pessoas envolvidas e interessadas em discutir e falar sobre cultura. Fico muito feliz em ver isso acontecer, pois estamos aqui para defender a cultura sergipana”, expôs.

A deputada Conceição Vieira também relatou seu contentamento em ver o trabalho da Secult ser apresentado da Alese e em ver que a cultura local está tendo o destaque que merece. “Nesta área sabemos que ainda há muito o que fazer, as reivindicações são muito justas, mas é preciso lembrarmos e vermos que há um avanço muito grande se comparado aos governos anteriores”, reconheceu.

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