sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Manifesto do Movimento Cultural

ABRACADABRA

ABRACADABRA - Pintura de Robson Trindade
Logomarca do Movimento Cultural ABRACADABRA
Paulo Esdras · Brumado, BA
26/12/2011 
MANIFESTO DO ABRACADABRA
Agentes Brasileiros de Cultura e Arte Democrática Brasileira


A cultura é produto da ação do homem sobre a natureza, através do seu trabalho e do seu pensamento. A natureza abrange o próprio homem e todas as demais essências em si mesmas. A arte é a representação imagética, parcial e subjetiva da realidade.


Cultura para nós são as diferentes manifestações populares de uma nação, no caso, do povo brasileiro, que visem exaltar a sua diversidade ocupacional através da criatividade que lhe é inata. Esta compõe seu mosaico a partir de pequenas peças às quais podemos denominar de produtos artísticos. Da harmonia entre cultura e arte nasce, portanto, uma sociedade mais humana e pronta para os desafios impostos pelas contingências naturais.


A cultura é o continente e a arte um dos seus melhores conteúdos.


Assim sendo, o ABRACADABRA se pretende a abarcar ambos os fenômenos, de modo que toda mutação cultural da criatividade, enquanto produto do gênio de brasileiros, na forma da Constituição Federal, nos será relevante, capacitando a interagir com o movimento de modo positivo.


Toda forma de cultura e arte, enquanto frutos legítimos da criação humana, desde que dentro dos limites de brasilidade, independente da origem, do tempo e da região do território, poderá recorrer e ser agregado ao movimento, com ele edificando vínculos de colaboração e solidariedade.


Vale frisar ainda que: tendo em vista o enorme preconceito existente sobre a produção artística colaborativa virtual, o movimento se pretende a criar uma conexão com laços afetivos e artísticos entre o meio virtual e a realidade, um intercâmbio que gerará dividendos para toda a sociedade , pois já enveredamos na Era da informação e qualquer forma de separação entre o real e o virtual é descabida e digna de repúdio.




----- Parte 2


O movimento se impõe face à seguinte conjuntura:

a) Inércia do Poder Público em fomentar mecanismos de desenvolvimento da criatividade da nação.
b) Inércia das classes produtivas em participar de ações que não sejam exclusivamente voltadas ao interesse comercial
c) Inércia da sociedade civil em agir de forma organizada no intuito de modificar substancialmente esse panorama de letargia.
A realidade artístico-cultural brasileira está viciada nas grandes mídias, nas grandes editoras, nas grandes galerias, nas grandes produtoras. Esta dependência deve-se ao fato de que tudo, inclusive a criação mais nobre, está sendo empurrado para a vala comum do simples comércio. O clima de guerra mercadológica alcançou a cultura e a arte e para estes comerciantes não interessa muito ter qualidade, o importante é que venda bem. E compreendemos qualidade como um fator inerente a qualquer cultura, fruto de um pleno amadurecimento do seu povo, desde que garantido um acesso equânime aos meios de obtenção do mesmo veio cultural (ou seja, há de bebermos todos das mesmas fontes, ou, ao menos, termos a possibilidade e consciência de que isso é possível!).

Como ainda na sociedade brasileira cultura e educação são pessimamente distribuídas, sobram aos olhos do ABRACADABRA, produtos culturais de qualidade duvidosa, uma vez que não estão respaldados no sentimento legítimo da população e nas suas mais íntegras raízes. Quanto mais vender, mais aparecerá na grande mídia e quanto mais aparecer, mais venderá. Este ciclo glorioso para os empresários vem enterrando já há algum tempo a possibilidade de artistas brasileiros e expressões culturais regionais importantes (mas sem apelo comercial) apresentarem-se e valorizarem as nossas raízes.


O ABRACADABRA é a favor da democratização da arte e da cultura, por meio de todas as ferramentas disponíveis, sejam estas virtuais ou reais. Isto quer dizer que todo artista tem direito a ser apreciado e toda cultura deve ser conhecida e preservada. Importa que selecionemos hoje uma gama infinita de escolhas para que as gerações vindouras possuam um leque ainda mais extenso de alternativas positivas de futuro.


Partindo da idéia do grande educador brasileiro Paulo Freire de que “ninguém liberta ninguém e ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão” a superação da desigualdade em suas diversas dimensões (sociais, econômicas e culturais, dentre outras) parte também da necessidade de engajamento organizado por parte dos que estão oprimidos e marginalizados. Esta descoberta não é feita somente intelectualmente, mas com ações associadas à reflexão. A arte pode possibilitar o diálogo crítico e porque não dizer libertador. Ela tem, assim, o papel fundamental de desvelar a realidade e oportunizar para aqueles que estão dispostos a ouvir a ação cultural para a liberdade.


---- Parte 3


O ABRACADABRA se pretende um movimento de brasileiros que objetivam resgatar a cultura e a arte do estado de mediocridade e pasteurização em que se encontram hoje, para tanto objetiva atuar através de ações pontuais, regionais ou nacionais, através das seguintes interfaces:


1- Como facilitador na divulgação da produção cultural e artística muitas vezes renegada pelos grandes espaços e meios.


2- Como promotor de eventos, feiras, mostras, congressos e congêneres, levando-se em consideração a temática cultura e arte brasileira.


3 - Como arquivo de referência, no sentido de tornar o produto cultural acessível a todos, do modo mais abrangente possível.

Para tanto contamos com as iniciativas do BAÚ CULTURAL e do QUADRO CULTURAL.

4 - como mídia alternativa, para difusão daqueles segmentos da nossa cultura que não encontrem o lugar e o espaço merecidos nos grande conglomerados de comunicação.


5- outras.





-----------------------------------------------

Para fazer parte, basta enviar para o e-mail pauloesdras@hotmail.com o cadastro abaixo devidamente preenchido e atualizar sempre que necessário:

NOME:

NATURALIDADE:

CIDADE/ESTADO:

CAMPO DE ATUAÇÃO:
ENDEREÇO:
SITE
E-MAIL:
MSN:
TELEFONES e operadoras:

Dados do Agente Fundador e Coordenador de expansão:


NOME: Paulo Esdras

NATURALIDADE: Salvador-BA
CIDADE/ESTADO: Brumado-BA
CAMPO DE ATUAÇÃO: Literatura (poesia e prosa), Produção, Cinema (Roteiro), Música (Letrista)
ENDEREÇO: Av. Otávio Mangabeira, 100, Bairro Nobre, CEP 46100-000
SITE: http://www.overmundo.com.br/perfis/paulo-esdras
E-MAIL: pauloesdras@hotmail.com

MSN: pauloesdras@hotmail.com
TELEFONES e Operadoras:
(71) 8872-6393 (Oi)
(71) 9282-3539 (TIM)
(77) 9992-2367 (Vivo)


Obs.: Os dados dos Agentes de seu estado será disponibilizado assim que conformarmos a sua inscrição.


comentários feed

+ comentar
Gilbson Alencar
 
Excelente iniciativa! Farei parte sim.
Gilbson Alencar · Brasília, DF 28/12/2011 13:46
sua opinião: subir

Zezito de Oliveira
 
Bem interessante! Parabéns pela iniciativa.

Pode contar conosco
Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 29/12/2011 14:14
sua opinião: subir

Zezito de Oliveira
 
Pauilo,

Obsevação necessária
. O que interessa é ampliar os espaços de produção e fruição da arte e cultura, sem restrição de ordem estética.

A raiz da questão, é a democratização do acesso, a centralidade que nos une.
Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 29/12/2011 14:22
sua opinião: subir

Braulio Silva
 
Paulo, eu enviei um e-mail para que possamos dar nossa contribuição daqui de Brasília. Vamos ver o que podemos fazer.
Inté.
Braulio Silva · Brasília, DF 29/12/2011 17:39
sua opinião: subir

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Associação de irmão de deputado recebe recursos públicos para fazer festas


Lúcio Vaz
Publicação: 16/12/2010 02:36 Atualização: 16/12/2010 09:17
Fonte Jornal Correio Braziliense 

Festa do Pré-Caju, em Aracaju, deste ano: cada camarote custa R$ 4,5 mil (Pré Caju/Divulgação)
Festa do Pré-Caju, em Aracaju, deste ano: cada camarote custa R$ 4,5 mil
Financiada por emendas de parlamentares ao Orçamento da União, a Associação Sergipana de Blocos de Trio (ASBT) recebeu R$ 15,8 milhões dos cofres do Ministério do Turismo nos últimos três anos para realizar dezenas de eventos em Sergipe. O mais famoso deles é o Pré-Caju, uma prévia carnavalesca que mistura recursos públicos com privados. Cada um dos 160 camarotes custa R$ 4,5 mil. Os abadás mais caros, de blocos puxados por artistas como Ivete Sangalo, Asa de Águia e Chiclete com Banana, ficam por R$ 360.

A festa foi criada em 1992 pelo empresário e ex-deputado estadual Fabiano Oliveira (PSDB), irmão do presidente da ASBT, Lourival Oliveira. Empresas de eventos e de montagem de palco e camarotes que fazem parte do grupo têm o mesmo endereço registrado pela associação dos blocos em Aracaju. Fabiano e Lourival também têm dois blocos que participam dos desfiles em sociedade com bandas baianas.

As emendas foram apresentadas pelos deputados federais sergipanos Albano Franco (PSDB), Jackson Barreto (PMDB), Jerônimo Reis (DEM), José Carlos Machado (DEM) e Valadares Filho (PSB), além do baiano Emiliano José (PT), diretamente à ASBT. O Portal da Transparência do governo federal registra transferências num total de R$ 6,2 milhões para a entidade “sem fins lucrativos” realizar 28 eventos. Só o convênio com a ASBT tem o valor de R$ 820 mil. Apenas no ano passado, foram R$ 6,8 milhões. A associação recebe apoio da Prefeitura de Aracaju na parte de segurança, divulgação e iluminação pública, além de patrocínio do Banco do Estado de Sergipe.

“Utilidade pública”
O Pré-Caju foi incluído no calendário turístico e cultural da capital por lei municipal em 1993. Três anos depois, outra lei reconheceu a ASBT como entidade gestora e organizadora do evento. Depois, ela foi agraciada com o certificado de utilidade pública estadual. Hoje, a micareta reúne cerca de 300 mil pessoas por dia e vende 12 mil abadás. A associação também realizou neste ano eventos como o Forró Folia, o São João da Copa, o Santana Folia, a Micareta 2010, o Rosa Fest, o Lagarto Folia e a Festa do Vaqueiro.

Paralelamente, os irmãos Oliveira mantêm a Augustus Produções, que realiza, em média, um grande evento privado por mês no estado. O grupo conta, ainda, com a Serigy Estruturas e Eventos, que monta palcos, camarotes, camarins e banheiros químicos. Essas duas empresas privadas e com fins lucrativos estão instaladas no mesmo endereço registrado pela ASBT no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju. O Correio telefonou para a empresa Augustus Produções e pediu informações sobre o Pré-Caju de 2011. A secretária disse que a companhia apenas vendia camarotes. Os abadás seriam de responsabilidade da ASBT.

Os blocos que participam do Pré-Caju têm uma fonte extra de receita: eles dividem com bandas famosas, a maioria de Salvador, os recursos arrecadados com os abadás. Cada parte fica com a metade dos recursos. Os blocos Chiquita Bacana e Com Amor, que serão puxados em 2011 pelas bancas Chi Café e Cheiro de Amor, respectivamente, são propriedade dos irmãos Oliveira.

SHOWS SEM LUCROS
O presidente da Associação Sergipana de Blocos de Trio (ASBT), Lourival Oliveira, conta que a origem dos empreendimentos na área de entretenimento foi a casa de shows Augustus. “A gente tinha a maior casa de espetáculos daqui. Aí, ficou o nome Augustus Produções. A ASBT e a Augustus nasceram juntas. A ASBT foi criada para normatizar, organizar o desfile e cuidar daquela parte pública do Pré-Caju, a parte aberta”, explicou.

Questionado sobre a localização das três entidades no mesmo endereço, Oliveira respondeu que “hoje, a associação mudou para um prédio novo. Antes, eram vizinhas, porque lá tem diversas salas”.

O empresário afirma que os dirigentes ASBT não têm remuneração e que o evento não gera lucro. Ele diz que a arrecadação com a venda dos camarotes, cerca de R$ 700 mil, é utilizada para custear as despesas da parte aberta da festa. “A conta sempre zera.”

Lourival procurou ressaltar que sempre trabalhou com eventos, mesmo antes de existirem as verbas do Turismo direcionadas pelas emendas dos parlamentares. “A ASBT não surgiu por causa dessas emendas, como outras associações. Eu tenho notória especialidade em eventos.” E lembrou que Fabiano só foi eleito deputado 10 anos após a criação da associação de blocos.

Grupo
O empresário assegurou que a ASBT não contrata empresas do grupo e negou que o irmão Fabiano Oliveira seja dono da Serigy: “No contrato social não está o nome dele. Mas, como é uma empresa do grupo, ligam ao nome dele”. Segundo Lourival, a Serigy não tem porte para servir o Pré-Caju, que é montado por empresas de Salvador e de São Paulo.

Lourival também confirmou ser o proprietário de dois blocos: “Tenho, sim. O bloco Chiquita Bacana e o Com Amor, que foi fundador do Pré-Caju. E temos parcerias com bandas baianas”. (LV)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Lei Rouanet – 20 anos depois


Artigo do Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, Henilton Menezes
Neste 23 de dezembro, a Lei Rouanet completa 20 anos. Promulgada pelo então Presidente Collor, foi recebida como única possibilidade de avanço do setor cultural brasileiro, depois do nefasto desmonte de nossas instituições e transformação do ministério em uma secretaria, ligada à Presidência da República. No pior momento da cultura brasileira no Governo Federal, era sancionada uma lei que viria a ser o principal mecanismo de financiamento da cultura brasileira.
Durante muitos anos, e especialmente nos últimos meses, esse mesmo mecanismo tem sido objeto de debate, em especial, na mídia e nas redes sociais. Muitos equívocos estão sendo ditos e escritos, resultado de desconhecimento e de uma visão míope sobre sua finalidade e seu funcionamento. Em muitos casos, veiculam-se dados errados, compõem-se informações sem qualidade, publicam-se críticas negativas, escritas por quem desconhece o mecanismo, com o intuito, parece, de confundir a opinião pública ou de mostrar que a lei é a vilã dos incentivos fiscais no Brasil.
A Lei Rouanet criou o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), com a finalidade de captar e canalizar recursos suficientes para estimular a produção e difusão de bens culturais, preservar patrimônios materiais e imateriais, proteger o pluralismo da cultura nacional e facilitar o acesso às fontes de cultura. Esses recursos são viabilizados a partir do investimento de pessoas físicas e jurídicas que utilizam um pequeno percentual de seu imposto de renda em ações culturais, previamente aprovados pelo Ministério da Cultura (MinC).
Outras formas de incentivos fiscais são também oferecidas pelo Governo Federal em quase todos os segmentos da economia brasileira. A indústria automobilística, por exemplo, obtém volumosos lucros a partir dos incentivos fiscais destinados à fabricação de automóveis populares. O setor agrícola, muito justamente, também obtém resultados a partir da injeção de recursos públicos, mediante políticas de financiamentos a juros subsidiados ou garantia de preços mínimos. Ambos os casos estão dentro da legalidade. Por que, então, o segmento cultural é visto com tamanho preconceito? Por que a cultura não pode também se valer de incentivos fiscais para buscar seu desenvolvimento? O que existe de ilícito se, como outros setores, geramos renda, criamos emprego, fazemos girar a economia nacional? Ressalte-se que a Lei Rouanet foi discutida, votada e aprovada no parlamento brasileiro, e continua em pleno vigor.
Apesar de ser pequeno o volume de recursos de incentivos fiscais destinados à cultura – cerca de 1,5% de todo o incentivo fiscal federal – ao contrário do que se comenta, o Governo tem avançado muito na destinação desses valores para o setor. Em 2003, foi direcionado à renúncia fiscal para a cultura o valor de R$ 135 milhões. Em 2011, esse valor chegou a R$ 1,35 bilhão, um aumento de 1.000% em oito anos. Nesse período (2003-2011), foram alocados 5,9 bilhões para a Lei Rouanet.
Somente em 2010, foi captado R$ 1,160 bilhão. Isso atendeu apenas 24,61% de toda a demanda brasileira por esses incentivos, que atingiu o montante de R$ 4,71 bilhão. Nesse mesmo ano, o MinC recebeu 10.256 propostas de ações em busca de recursos, vindas de todos os estados brasileiros.
O Pronac é o mais transparente mecanismo de incentivos fiscais do Brasil. Todos os projetos incentivados estão publicados na internet, com nomes dos beneficiários, valores aprovados e captados e situação de cada um deles, inclusive da prestação de contas. O processo de análise das propostas, realizado em várias instâncias, desde o crivo de peritos terceirizados, profissionais da sociedade civil que atuam no mercado, é transparente e público. As sessões plenárias da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que acontecem nas cinco regiões brasileiras, são transmitidas ao vivo, pela internet, podendo ser acompanhadas por qualquer um, em qualquer lugar. Todos os processos estão detalhados no site do MinC e podem ser acessados, inclusive fisicamente, por qualquer cidadão brasileiro.
A importância desse mecanismo para o Brasil é visível e inquestionável. Vinte anos depois, o cenário cultural brasileiro é outro. E foi com o auxílio dos recursos oriundos dessa lei que milhares de ações culturais se realizaram, se mantiveram e prosperaram.
São resultados da Lei Rouanet, dentre outros:
–A manutenção de instituições culturais, como o Centro Cultural Banco do Brasil; Museu de Arte de São Paulo; Museu de Arte Moderna; Fundação Iberê Camargo; Museu Oscar Niemeyer; Instituto Cultural Itaú; Museu Asas de um Sonho; Academia Brasileira de Letras; Museu do Futebol e Museu da Língua Portuguesa; –A publicação de revistas culturais como Bravo, Cult, Continente Multicultural, Aplauso e Revista de História; –As intervenções de preservação de bens materiais edificados, como o Theatro Municipal e Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro; o Teatro São Pedro, em Porto Alegre; o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí; –Eventos tradicionais na área de audiovisual, responsáveis pela movimentação turística de dezenas de cidades brasileiras, como o Cine PE, em Recife; o Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís; o Festival de Gramado; o Cine Ceará, em Fortaleza; o Festival de Cinema de São Paulo; o Festival de Cinema de Brasília do Cinema Brasileiro; –Eventos literários de indiscutível repercussão nos lugares onde se realizam, como a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip); a Feira do Livro de Porto Alegre; a Festa Literária Internacional de Porto de Galinhas (Fliporto); a Bienal Internacional do Livro de São Paulo; –Importantes eventos de artes visuais, como Bienal de São Paulo e Bienal do Mercosul, em Porto Alegre; –A manutenção de escolas de formação continuada: o Clube do Choro de Brasília, a maior escola de choro brasileira; a escola de Dança e Integração Social para a Criança e o Adolescente (Edisca), no Ceará, que inclui jovens em situação de risco pela via da dança; o Instituto Baccarelli, escola de música encravada em Heliópolis, a mais populosa favela de São Paulo; o Instituto Olga Kos, projeto que inclui crianças e adolescentes com Síndrome de Down, por meio das artes visuais; o Projeto Música para Todos, escola de música em Teresina, que forma anualmente centenas de profissionais; –A formação e manutenção de importantes orquestras, como a Osesp, a Osba, a Orquestra Sinfônica de Teresina; a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais; –Quase todo o movimento teatral das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, com montagem e circulação de grandes produções, incluindo musicais de indiscutível qualidade, recebem o apoio da Lei Rouanet; –Ações de preservação do patrimônio imaterial, como as festas juninas do Nordeste; o Festival de Parintins, no Amazonas; o Festival de Circo do Brasil, realizado em Pernambuco; –A promoção de editais públicos dos grandes patrocinadores como Petrobrás, Eletrobrás, Natura, BR Distribuidora, esse último realizando a inédita circulação de grandes espetáculos de teatro pelas 27 unidades da federação; –A manutenção de grupos de arte, com trabalhos reconhecidos, como o Teatro Oficina; o Grupo Galpão; o Grupo Corpo; a Cia Quasar de Dança; Cia. de Dança Deborah Colker; –E, por que não, a promoção de grandes eventos nacionais, como o Rock In Rio; o BMW Jazz Festival;o Festival Jazz & Blues do Ceará; a Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo); o Encontro Cariri de Arte e Cultura, no Ceará; a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Pernambuco; o Festival de Teatro de Curitiba; Carnavais do Rio de Janeiro, de Pernambuco e da Bahia, ações geradoras de emprego e renda, que movimentam a economia brasileira de uma forma ainda não medida com a precisão que realce a sua importância no nosso país.
É claro que a Lei Rouanet pretendia ser, na época do desmonte das nossas instituições, a panaceia da cultura brasileira. Não foi. Hoje, é necessário e imprescindível que se pense em outras formas de financiamento.
Com esse foco, foi criada a Secretaria da Economia Criativa, uma iniciativa da atual gestão do MinC, que vem ao encontro dessa busca por novos caminhos, ao ampliar as possibilidades de desenvolvimento sustentável da cultura brasileira, de forma complementar ao mecanismo existente.
A Lei está em vigor e, por isso, o MinC tem buscado melhorias em seu funcionamento, ao simplificar processos, consolidar normativos, automatizar procedimentos, qualificar profissionais que operam o programa, aperfeiçoar as funções da CNIC e implantar melhorias na metodologia de acompanhamento e avaliação de projetos. Tudo isso feito com diálogo intenso com as classes artísticas, produtores culturais e investidores.
Decerto, a um mecanismo que tem 20 anos, faz-se necessária e oportuna sua revisão e atualização. O conceito de cultura brasileira é hoje muito mais amplo do que a Lei Rouanet alcançou em 1991. Por isso também o MinC encaminhou um Projeto de Lei (PL), uma proposta de mudança da legislação.
Esse PL é hoje amplamente discutido com a sociedade, a partir de provocações do parlamento brasileiro, em iniciativas democráticas e republicanas. Precisamos melhorar esse mecanismo, enfrentando, definitivamente, os problemas ainda existentes e avançando na melhor distribuição territorial dos recursos, na possibilidade de acesso igual por todos os segmentos e no fortalecimento do Fundo Nacional da Cultura, recursos que devem permitir que o MinC financie ações e setores invisíveis aos investidores que se utilizam do incentivo fiscal.
Depois de 20 anos, a cultura brasileira deve muito à Lei Rouanet. Por isso mesmo, enquanto não temos outro mecanismo, mais justo e mais contemporâneo, temos todos a obrigação de aperfeiçoá- la, por meio da melhoria de sua gestão e da qualificação do debate em torno do tema.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O ano em que um livro desmascarou a imprensa

Publicado em 19/12/11 às 11h35 

fonte: blog do Jornalista Ricardo Kostcho

privatariatucana blogs21 O ano em que um livro desmascarou a imprensa

"Se a Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu".
(Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).
***
Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011.
Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada grande imprensa na formação da opinião pública brasileira.
O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, A Privataria Tucana, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC.
Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista "Carta Capital" e dos telejornais da Rede Record; nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor.
Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, A Privataria Tucana alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que tem acesso à internet.
No final de semana, o fenômeno editorial apareceu nas listas de jornais e revistas, mas não mereceu qualquer resenha ou reportagem sobre o seu conteúdo.
Em 47 anos de trabalho nas principais redações da imprensa brasileira, com exceção da revista "Veja", nunca tinha visto nada igual, nem mesmo na época da ditadura militar, quando a gente não era proibido de escrever _ apenas, os censores não deixavam publicar.
Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que há alguns anos o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia.
O que mais me espantou foi o silêncio dos principais colunistas e blogueiros do país _ falo dos profissionais considerados sérios _, muitos deles meus amigos e mestres no ofício, que sempre preservaram sua independência, mesmo quando discordavam da posição editorial da empresa onde estão trabalhando.
Nenhum deles ousou escrever, nem bem nem mal, sobre A Privataria Tucana, com a honrosa exceção de José Simão, o mais sério de todos eles.
Alguns ainda tentaram dar alguma desculpa esfarrapada, como falta de tempo para ler e investigar os documentos publicados no livro, mas a grande maioria simplesmente saiu por aí assobiando e mudando de assunto.
O que aconteceu? Faz algum tempo, as entidades representativas da velha mídia criaram o Instituto Millenium, uma instituição voltada à defesa dos seus interesses e negócios, o que é muito justo.
Sob a bandeira da "defesa da liberdade de expressão", segundo eles sempre ameaçada por malfeitores do PT e de setores do governo federal, os barões da mídia promoveram vários saraus para denunciar os perigos que enfrentavam. O principal deles, claro, era "a volta da censura".
Pois a censura voltou a imperar escandalosamente na semana passada. Só que, desta vez, não promovida por orgãos do Estado, mas pelas próprias empresas jornalísticas abrigadas no Instituto Millenium. Os antigos donos do poder midiático decidiram apagar do mapa, não uma reportagem ou uma foto, mas um livro.
O episódio certamente será um divisor de águas no relacionamento entre a grande imprensa e seus clientes. Por mais que cada vez menos gente acreditasse nessa conversa, seus porta-vozes sempre insistiam em nos garantir que a mídia grande era independente, apartidária, isenta, preocupada apenas em contar o que está acontecendo e denunciar os malfeitos do governo, em defesa do interesse nacional e da felicidade de todos.
Agora, caiu definitivamente a máscara. Neste final de semana, ouvi de várias pessoas, em diferentes ambientes, que vão cancelar assinaturas de publicações em que não confiam mais.
Como jornalista ainda apaixonado pela profissão, fico triste com tudo isso, mas não posso brigar com os fatos. Foi vergonhoso ver o que aconteceu e não deu para esconder. Graças à internet, todo mundo ficou sabendo.
E agora? O que vão dizer aos seus ouvintes, leitores e telespectadores? Que tudo não passou de um engano, uma ilusão de ótica? Vão publicar um "erramos" coletivo ou vai ficar tudo por isso mesmo?
Em tempo:
alertado pelo sempre atento colega Marcelo Auler, jornalista de corpo e alma, preciso fazer uma retificação no texto acima: além de José Simão, também meu amigo Ricardo Noblat publicou notas em seu blog sobre A Privataria Tucana.
Os demais, que me lembre, ou se omitiram ou se limitaram a publicar a defesa dos acusados.



domingo, 18 de dezembro de 2011

O Natal de antigamente: velho e sempre novo

Venho de lá de trás, do final dos anos 30 do século passado, num tempo em que Papai Noel ainda não havia chegado de trenó. Nas nossas colônias italianas, alemães e polonesas, desbravadoras da região de Concórdia-SC, conhecida por ser a sede da Sadia e da Seara com seus excelentes produtos de carne, só se conhecia o Menino Jesus. Eram tempos de fé ingênua e profunda que informava todos os detalhes da vida. Para nós crianças, o Natal era culminância do ano, preparado e ansiado. Finalmente vinha o Menino Jesus com sua mulinha (musseta em italino) para nos trazer presentes.
A região era de pinheirais a perder de vista e era fácil encontrar um belo pinheirinho. Este era enfeitado com os materiais rudimentares daquela região ainda em construção. Utilizavam-se papel colorido, celofã e pinturas que nós mesmos fazíamos na escola. A mãe fazia pão de mel com distintas figuras, humanas e de bichinhos, que eram dependuradas nos galhos do pinheirinho. No topo havia sempre uma estrela grande revestida de papéis vermelhos.
Em baixo, ao redor do pinheirinho, montávamos o presépio, feito de recortes de papel que vinham numa revista que meu pai, mestre-escola, assinava. Ai estava o Bom José, Maria, toda devota, os reis magos, os pastores, as ovelhinhas, o boi e o asno, alguns cachorros, os Anjos cantores que dependurávamos nos galhos de baixo. E naturalmente, no centro, o Menino Jesus, que, vendo-o quase nu, imaginávamos, tiritando de frio, e nos enchíamos de compaixão.
Vivíamos o tempo glorioso do mito. O mito traduz melhor a verdade que a pura e simples descrição histórica. Como falar de um Deus que se fez criança, do mistério do ser humano, de sua salvação, do bem e do mal senão contando histórias, projetando mitos que nos revelam o sentido profundo do tais fatos? Os relatos do nascimento de Jesus contidos nos evangelhos, contem elementos históricos, mas para enfatizar seu significado religioso, vem revestidos de linguagem mitológica e simbólica. Para nós crianças tudo isso eram verdades que assumíamos com entusiasmo.
Mesmo antes de se introduzir o décimo terceiro salário, os professores ganhavam um provento extra de Natal. Meu pai gastava todo este dinheiro para comprar presentes aos 11 filhos. E eram presentes que vinham de longe e todos instrutivos: baralho com os nomes dos principais músicos, dos pintores célebres cujos nomes custávamos de pronunciar e riamos de suas barbas ou de seu nariz ou de qualquer outra singularidade. Um presente fez fortuna: uma caixa com materiais para construir uma casa ou um castelo. Nós, os mais velhos, começamos a participar da modernidade: ganhávamos um gipe ou um carrinho que se moviam dando corda, ou um roda que girando lançava faíscas e outros semelhantes.
Para não haver brigas de baixo de cada presente,depndurado nos galhos, vinha o nome do filho e da filha. E depois, começavam as negociações e as trocas. A prova infalível de que o Menino Jesus de fato passou lá em casa era o desaparecimento dos feixes de grama fresca. Corríamos para verificá-lo. E de fato, a musetta havia comido tudo.
Hoje vivemos os tempos da razão e da desmitologização. Mas isso vale somente para nós adultos. As crianças, mesmo com o Papa Noel e menos com o Menino Jesus, vivem o mundo encantando do sonho. O bom velhinho traz presentes e dá bons conselhos. Como tenho barba branca, não há criança que passe por mim que não me chame de Papai Noel. Explico-lhes que sou apenas o irmão do Papai Noel que vem para observar se as crianças fazem tudo direitinho. Depois conto tudo ao Papai Noel para ganharem um bom presente. Mesmo assim muitos duvidam. Se aproximam, apalpam minha barba e dizem: de fato o Sr. é o Papa Noel mesmo. Sou uma pessoa como qualquer outra, mas o mito me faz ser Papai Noel de verdade.
Se nós adultos, filhos da crítica e desmitologização, não conseguimos mais nos encantar, permitamos que nossos filhos e filhas se encantem e gozem o reino mágico da fantasia. Sua existência será repleta se sentido e de alegria. O que queremos mais para o Natal senão esses dons preciosos que Jesus quis também trazer a este mundo?
Leonardo Boff é autor de O Sol da Esperança: Natal, histórias, poesias e símbolos, Editora Mar de Idéias, Rio de Janeiro 2007.

sábado, 17 de dezembro de 2011

ORÇA,MENTO PARA CULTURA EM SERGIPE - 2012


A proposta orçamentária do próximo ano supera em algo em torno de 14% o valor orçado para o ano de 2011, totalizando o valor líquido de R$ 7.581.872.490,00. Com a pauta “zerada”, os parlamentares entraram em recesso e só retomam as atividades, no plenário e nas Comissões, no dia 15 de fevereiro.

Visualizando a lei dos 2% para a cultura, deveria ser investido em sergipe o montante de R$151.000.000,00 milhoes de reais


Acesse os Projetos PPA e LDO  de SERGIPE  http://www.seplag.se.gov.br/servicos/orcamento

DESPESA POR FUNÇÃO:
CULTURA  R$33.794.370,00

DESPESA DA SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA:
                   R$29.734.970,00

ISSO REPRESENTA MENOS DE 0,5% DO ORÇAMENTO

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A mídia não sabe o que fazer com "A privataria tucana"

Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros.
Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca" amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas?
Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?


Gilberto Maringoni

Há uma batata quente na agenda nacional. A mídia e o PSDB ainda não sabem o que fazer com A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr. A cúpula do PT também ignora solenemente o assunto, assim como suas principais lideranças. O presidente da legenda, Rui Falcão, vai mais longe: abriu processo contra o autor da obra, por se sentir atingido em uma história na qual teria passado informações à revista Veja. O objetivo seria alimentar intrigas internas, durante a campanha presidencial de 2010. A frente mídia-PSDB-PT pareceria surreal meses atrás.

Três parlamentares petistas, no entanto, usaram a tribuna da Câmara, nesta segunda, para falar do livro. São eles Paulo Pimenta (RS), Claudio Puty (PA) e Amaury Teixeira (BA). O delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) começa uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os temas denunciados no livro. Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) indagou: "Nenhum jornalão comentou o procuradíssimo livro A privataria tucana. Reportagens sobre corrupção têm critérios seletivos?”


O silêncio dos coniventes

O silêncio maior, evidentemente, fica com os meios de comunicação. Desde o início da semana passada, quando a obra foi para as livrarias, um manto de silêncio se abateu sobre jornais, revistas e TVs, com a honrosa exceção de CartaCapital.

As grandes empresas de mídia adoram posar de campeãs da liberdade de expressão. Acusam seus adversários – aqueles que se batem por uma regulamentação da atividade de comunicação no Brasil – de desejarem a volta da censura ao Brasil.

O mutismo sobre o lançamento mais importante do ano deve ser chamado de que? De liberdade de decidir o que ocultar? De excesso de cuidado na edição?

Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros.
Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Que acordo foi selado entre os grandes meios para que uma das grandes pautas do ano fosse um não tema, um não-fato, algo inexistente para grande parte do público?

Comissão da verdade
Privatização é um tema sensível em toda a América Latina. No Brasil, uma pesquisa de 2007, realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Instituto Ipsos detectou que 62% da população era contra a venda de patrimônio público. Nas eleições de 2006, o assunto foi decisivo para a vitória de Lula (PT) sobre Geraldo Alckmin (PSDB).

Que a imprensa discorde do conteúdo do livro, apesar da farta documentação, tudo bem. Mas a obra é, em si, um fato jornalístico.
Revela as vísceras de um processo que está a merecer também uma comissão da verdade, para que o país tome ciência das reais motivações de um dos maiores processos de transferência patrimonial da História.

Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?

O expediente não é inédito. Há 12 anos, outra investigação sobre o mesmo tema – o clássico O Brasil privatizado, de Aloysio Biondi – alcançou a formidável marca de 170 mil exemplares vendidos. Nenhuma
lista publicou o feito. O pretexto: foram vendas diretas, feitas por sindicatos e entidades populares, através de livreiros autônomos. O que valeria na contagem seriam livrarias comerciais.

E agora? A privataria tucana faz ótima carreira nas grandes livrarias e magazines virtuais.


Deu no New York Times
O cartunista Henfil (1944-1988) costumava dizer, nos anos 1970, que só se poderia ter certeza de algo que saísse no New York Times. Notícias
sobre prisões, torturas, crise econômica no Brasil não eram estampadas pela mídia local, submetida a rígida censura. Mas dava no NYT. Aliás, esse era o título de seu único longa metragem, Tanga: deu no New York Times, de 1987. Era a história de um ditador caribenho que tomava conhecimento dos fatos do mundo através do único exemplar do jornal enviado ao seu país. As informações eram sonegadas ao restante da população.

Hoje quem sonega informação no Brasil é a própria grande mídia, numa espécie de censura privada. O título do filme do Henfil poderia ser atualizado para “Deu na internet”. As redes virtuais furaram um bloqueio que parecia inexpugnável. E deixam a mídia bem mal na foto...

Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela
Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa
– poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação
Perseu Abramo).



www.fococidadao. blogspot. com

Venício Lima: Ao ignorar o livro, grande mídia mostra moralidade seletiva Terra MagazineAna Cláudia BarrosDesde que foi lançado na última sexta-feira (9), o livro "A privataria tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., vem provocando rebuliço na blogosfera e movimentando o debate nas redes sociais. O reflexo da repercussão virtual pode ser medido nas livrarias, onde a procura pela obra fez com que as 15 mil cópias da primeira edição se esgotassem logo nos primeiros dias. O assunto, entretanto, não ganhou espaço na chamada grande mídia, que, por ora, silencia e se mantém longe do tema.Na análise do professor aposentado de Ciência Política e Comunicação da UnB (Universidade de Brasília), Venício Artur de Lima, há, de fato, omissão dos veículos de comunicação, que, segundo ele, podem sofrer "graves danos" por essa postura.- A grande mídia que, nos últimos meses, tem se especializado em denúncias em torno de figuras públicas envolvidas em supostas atividades de corrupção, ao ignorar um livro que documenta uma ação que envolve homens públicos e montantes inacreditáveis de dinheiro, coloca em risco sua credibilidade. O livro é um sucesso de vendas. Não é um jornalismo baseado em suposições, em condicionais. É um livro que faz acusações e as documenta.Para Venício Lima, é a comprovação definitiva de que "a imprensa no Brasil é partidária e ocupa o papel dos partidos de oposição".- Não só comprova isso, como comprova que ela só ocupa esse papel quando é oposição ao governo. Quando diz respeito a um fenômeno que envolve uma figura como a do (José) Serra, ex-governador de São Paulo, ex-candidato a presidente da República, a mídia, simplesmente, omite. Então, acho que essa omissão escancara uma questão de partidarização, de moralidade seletiva que só será ignorada por aqueles que consomem determinado tipo de mídia porque pensam da mesma forma - critica.Ele emenda:- A moralidade da mídia é seletiva. Revela quando interessa e omite quando não interessa à posição político-partidá ria que assume. Isso é claro como a luz do dia.BlogosferaVení cio Lima destaca a emergência dos blogs e a quebra do monopólio da formação de opinião.- Não é um fenômeno novo. Uma das características da emergência da internet, da blogosfera é exatamente a quebra do monopólio da formação de opinião que a grande mídia e alguns dos principais colunistas, os chamados formadores de opinião, exerciam. A blogosfera quebra isso. Com todos os problemas de acesso e de repetição, na própria blogosfera, de personagens ligados à mídia tradicional, ela oferece uma pluralidade e uma diversidade que a grande mídia não oferece. E ela horizontaliza a formação de opinião, porque vai diretamente nas lideranças de opinião. A internet, na verdade, fez com que houvesse um deslocamento da formação de opinião desses grupos mais tradicionais para essa liderança de opinião mais horizontalizada




12.
 
Olha, não consigo compreender por qual razão, as forças progressistas chegaram ao poder, em 2003, sofreram na carne todo este tempo, sabemos que a história, já estava escrita, mas faltou coragem, e deu a eles o direito de ficar mentindo com seu partido da imprensa golpista (PIG), infernizando a vida da nação inteira, se não fossemos coro de giboia, ja teriamos mudado de opinião, achado que o que o PIG, publica é verdade absoluta, mas não é bem assim, tudo que o amauri publica neste livro, o movimento sindical da época denunciou, mas não teve jeito, o PIG, não publicou nem uma virgula, eu vi os ataques contra as forças politicas com denuncias sem pé nem cabeça, ser divulgada todo dia, semana a semana, mes a mes, mas o povo realmente desconfiou, desta trama, se não fosse isto ja teria ido as ruas, e mudado o governo, ainda bem que isto não foi possivel, mas eles não desistiram, agora o que fazer com este material todo, com certeza não dará em nada, pois o PIG, nada divulgará, e vamos continuar sendo atacados, por todos os lados, devemos ir para as ruas exigir o ressacimento da nação, pois roubo tem que ser devolvido. vamos a luta.


O Jornal da Record News falou sobre o livro e entrevistou o autor: http://youtu.be/T-eukqC0iOg
Debate sobre o livro com o autor: http://youtu.be/ufUjcYOY_iE
Protógenes também falou: http://youtu.be/IIVs-7Jt0Q4
E o Serra disse que é lixo: http://youtu.be/rr4MMSJVaMg


No dia contra corrupção, ministro aponta culpado: poder econômico

Para Jorge Hage, ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), corrupção tem 'causas profundas' no financiamento de campanhas com doação empresarial e na impunidade de crime do colarinho branco. Segundo ele, impunidade diferencia Brasil do exterior e dá sensação de que aqui as coisas são piores. 'Ninguém diz que Estados Unidos são 'estado policialesco'', diz.


BRASÍLIA – O avanço do combate à corrupção exige enfrentar o poder econômico, com o fim de doações privadas a campanhas eleitorais e a efetiva punição judicial de crimes do colarinho branco. As primeiras produzem laços não-republicanos entre agentes públicos e empresários que, não raro, terminam em fraudes. Já a impunidade dos ricos, em si mesma uma injustiça, cria um ambiente que fertiliza condutas corruptas.

A avaliação é do ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, uma espécie de vigia ético da República. Em discurso nesta sexta-feira (9) em evento pelo Dia Internacional contra a Corrupção, Hage fez um balanço das ações federais nesta área desde o governo Lula e aproveitou para apontar o que considera causas da corrupção e como neutralizá-las.

“Ninguém desconhece que as causas mais profundas da corrupção têm raízes em questões mais amplas, como o financiamento privado de campanhas e de partidos, o sistema eleitoral, os meandros da elaboração do orçamento público”, disse Hage. Para o ministro, há uma “urgente necessidade de reforma das leis processuais penais, que são, hoje, a principal garantia de impunidade”.

A eliminação das doações privadas para campanhas, que seriam substituídas pelo financiamento com dinheiro do orçamento público, numa espécie de investimento do Estado na democracia, foi uma decisão recentemente empurrada para o ano que vem, por uma comissão especial de deputados que debartia o tema há nove meses. Motivo: a maioria dos partidos não assimila bem a ideia, numa demonstração da força do poder econômico que a proposta busca combater.

Sabendo que é difícil que o próprio sistema enfrente a si mesma, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou neste ano com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que seja excluída da lei dos partidos o trecho que permite as doações privadas. A entidade tem a mesma avaliação de que este procedimento pavimenta a corrupção.

Para Hage, também seria importante acabar com o que ele considera excesso de recursos contra decisões judiciais, que na prática servem para adiar quase infinitamente a aplicação de penas, sobretudo quanto o réu em questão é rico, com dinheiro para gastar também eternamente com bons advogados.

O ministro defendeu proposta em discussão no Senado, de autoria do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que extingue a possibilidades de se apresentarem recursos extraordinário e especial contra decisões de tribunal colegiado de segunda instância – a corte julga depois de uma sentença individual de um juiz.

O relator do projeto, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), deu parecer favorável, embora com uma mudança: ele preserva os recursos, mas diz que o andamento deles não impede mais a execução da pena.

Para Jorge Hage, essa é uma das principais diferenças entre o Brasil e o mundo e que, às vezes, dá a ideia de que aqui tem mais bandalheira. “A corrupção não é um problema brasileiro, afeta todos os países do mundo, incluindo o setor público e as instituições privadas”, disse o ministro. “Mas há uma diferença extremamente importante entre os países: a sua capacidade de punir os crimes do chamado 'colarinho branco', ou seja, o crime de quem tem poder ou tem dinheiro.”

No discurso, o ministro citou como exemplo a prisão do milionário George Madoff nos Estados Unidos apenas poucos meses depois da descoberta das fraudes que praticava à frente de fundos de investimentos). “E ninguém disse que aquele país não é um estado democrático de direito, onde não são respeitadas as garantias individuais; ninguém disse que temos ali um 'estado policialesco'”, afirmou Hage, em clara alusão à condenação do banqueiro Daniel Dantas e sua posterior soltura pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
.
Hage também voltou a defender a aprovação do projeto de lei, preparado pela CGU, que cria punições civis e administrativas contras empresas corruptoras. A propostas está tramitando numa comissão especial da Câmara e já passou por diversas audiências públicas, mas ainda não há um parecer final.


Há almoço grátis? Há financiamento privado de campanha política com base no interesse público?


O que acontece quando um grupo de amigos, acostumados a saírem juntos para almoçar, jantar ou bebericar, permitem que um deles sempre pague a conta ?
Certamente as preferências desse amigo terminam prevalecendo: o local, dia e horário do encontro, escolha dos pratos, os tipos de bebida, os temas das conversas, dentre outras.

Situação diferente ocorre quando todos pagam a conta. Neste caso, a decisão das questões acima é tomada com base em outros elementos, a exemplo da capacidade de argumentação, da confiança na experiência de quem faz uma proposta, da empatia do membro do grupo com os demais, dentre outros critérios.

Esse exemplo me veio à mente quando refletia sobre uma questão pouco discutida nos meios de comunicação, inclusive na WEB. È um tema dos mais urgentes e necessários e que, se não for enfrentado, pode nos levar à situação que provocou as recentes manifestações de milhares de jovens europeus.

Como deve ser do conhecimento de muitos brasileiros, considerável número de jovens do velho continente, notadamente os espanhóis que formaram o acampamento porta do sol, apontaram o fim do financiamento privado das campanhas políticas como uma das questões fundamentais para o efetivo controle democrático dos governos pela maioria que os elegeu.



Manifestantes da Praça do Sol - Foto Jornal El País

Esses jovens há muito perceberam que no sistema eleitoral financiado pela iniciativa privada, a população é apenas um detalhe, lembrando o velho bordão de um certo humorista brasileiro. Em outras palavras, a população vota, mas quem realmente dá as cartas, após os eleitos assumirem, são aqueles que financiaram suas campanhas políticas.

Isto provoca, entre outras situações absurdas, o consenso ideológico dos grandes partidos, tanto de esquerda quanto de direita, em torno de alguns temas que passam a ser de interesse comum, algo impensável nos primórdios da democracia moderna.

Exemplo dessa assertiva é a atual crise financeira global, cujas bases doutrinárias estão no famoso Consenso de Washington, gerando, entre outras ações no plano político e econômico, uma excessiva desregulamentação do sistema econômico, fonte de um sem número de maracutaias e esquemas fraudulentos arquitetados por empresários e financistas.

E para piorar a situação, o que fizeram os governantes americanos, europeus e mesmo, com menor intensidade, o governo brasileiro, após a crise de 2008 e 2009 ? Injetaram dinheiro público para cobrir os prejuízos causados à economia por aqueles que sempre foram contra uma maior utilização de recursos estatais no combate à fome e à miséria.

Com isso, o Estado, tratado como a Geni da magistral composição de Chico Buarque, o salvador da pátria para bancos e empresas, após assumir suas dividas, fica impossibilitado de investir nas áreas sociais por influência daqueles que utilizaram os cofres públicos para cobrir o rombo em suas contas privadas e, então, voltemos a jogar pedra na Geni-Estado, conforme os padrões ideológicos do consenso de Washington.

Concluindo, é impossível aprofundarmos a construção da democracia com o modelo de financiamento privado das campanhas políticas, que tende a aumentar a abstenção eleitoral e a agravar a crise social, decorrentes das restrições impostas cada vez mais ao investimento estatal em políticas públicas.

Como argumento contrário, aqueles que defendem a continuidade do atual modelo de financiamento privado afirmam que o financiamento público das campanhas políticas diminuirá os recursos destinados aos orçamentos da saúde, da educação, da segurança e de outros serviços prestados pelo Estado.

Considerando que a tese defendida neste artigo não é de fácil entendimento para expressiva parcela da população que não dispõe de acesso à informação qualificada, sugerimos aos que concordam com esse ponto de vista, e que disponham de recursos adequados, que produzam textos simples, cartilhas, vídeos, cartazes e outros meios de informação, explicando como atuam os lobbies de financiamento de campanha e de que maneira eles dificultam ou impedem a ampliação dos investimentos públicos na área social, bem como a aprovação de leis de proteção ou de ampliação de direitos.

Faz-se necessário mostrar também que a corrupção é inerente ao financiamento privado das campanhas políticas e que a cadeia da corrupção tem início no período eleitoral, quando o eleitor solicita uma “ajudazinha” daquele cidadão que pretende se candidatar ou que já investido em cargo público.

Essas “ajudazinhas” podem ser a compra de bancos ou de som para a igreja, a concessão de emissores de rádios e televisão, o pagamento do ônibus para o passeio da associação de moradores ou do grupo de jovens, do fardamento novo para o time de futebol, dentre outras de maior ou menor custo.

Consideremos o caso do ônibus “grátis”, oferecido pelo cidadão que pretende se candidatar ou que já é detentor de mandato eletivo. O que acontecerá com o preço da passagem e com a quantidade e qualidade da frota em circulação após a vitória desses candidatos “generosos” ? Que força o candidato eleito ou reeleito com o apoio das empresas de ônibus terá para pleitear melhorias no sistema de transporte público?

P.S.: Em geral, somos mais motivados a escrever sobre arte e cultura, porém não podemos desconsiderar determinadas questões politicas que influenciam os assuntos de minha preferência.

Mesmo porque, quando utilizamos uma acepção mais ampla do termo cultura, como construção de valores, comportamentos, saberes, símbolos e etc.., a "Politica" é também uma construção cultural.

Por outro lado, os lobbies privados também atuam politicamente, não apenas contra os interesses da maioria no campo da educação, saúde, meio ambiente, relações de trabalho, entre outros; mas também atuam para dificultar a democratização cultural. Será que o ativista ou militante cultural tem dúvida sobre a razão da demora e da dificuldade para avançarmos na legislação que tramita no congresso nacional e que tem como objetivo avançar na construção de um marco legal de cultura mais moderno e inclusivo ?

Zezito de Oliveira