terça-feira, 28 de junho de 2011

Blog Bethânia: qual modelo queremos?


fonte:

http://www.overmundo.com.br/overblog/blog-bethania-qual-modelo-queremos-1

Para conhecer os argumentos contrários e a favor com mais profundidade, clique nas palavras grifadas em azul.

Parece que está proibido qualquer debate sobre a questão do “blog da Bethânia”. Tem me constrangido muito ver o postura de patrulhamento que toma conta dos que se dispuseram a comentar, ou opinar sobre o assunto – seja no Twitter, no Facebook ou nos jornais. Se realmente só for permitido haver dois lados nesta questão – a favor ou contra a aprovação do projeto para captação de recursos sob as normas que regem a Lei Rouanet –, terei que ser contra.

Deixando completamente de lado o oportunismo, a fofocada e a preguiça intelectual, o principal ponto nesta discussão não deveria ser se é muita grana para um projeto de internet, mas sim que tipo de estímulo à cadeia produtiva e ao modelo de produção cultural proposto pela internet esse projeto contempla. Lendo o pdf que circula pela internet como sendo o documento do Ministério da Cultura aprovando o projeto, são previstos R$ 600 mil de cachê para a participação de Bethânia no projeto, dentro de um total de quase R$1,8 milhão. Pablo Villaça descreveu muito bem - no texto que me pareceu mais lúcido entre tantos que li até agora – como analisar o processo de produção audiovisual. Não é preciso ser um grande especialista em produção, basta entender um pouquinho do ofício para projetar o valor e os nomes envolvido no projeto, para entender como será o produto final. Sugiro muito essa leitura e seguirei esse texto considerando que suas explicações são conhecidas.

Tenho 28 anos, me formei em jornalismo, criei uma produtora de conteúdos dita “multiplataforma”, na qual produzimos mais 1500 vídeos para internet só em 2010. Até hoje preencher o campo “profissão” quando entro num hotel é um problema. Escrevo, pesquiso, roteirizo, twito, calculo orçamentos, faço reuniões. Ligo as lâmpadas, aperto o rec da câmera, passo os cabos e os enrolo de volta antes de apagar as luzes. Penso muito no que vou ser quando crescer. Acho que nem o mundo nem eu sabemos ainda como se chama isso que tantos dessa minha geração fazemos. Seria um grande ato de loucura se eu não fosse um incentivador e alguém que lute pela valorização do reconhecimento das mídias digitais. Trabalho por isso. Invisto meu dinheiro em qualificação profissional e em equipamentos que permitam cada vez mais termos produtos relevantes e bem acabados na internet. Gero empregos. Porém, seria uma irresponsabilidade lutar por isso dentro de um modelo de negócio baseado numa lógica que considero antiquada. Assim como Hermano Vianna e Caetano Veloso, não me amarra dinheiro não. Nem poesia. Nada disso me amarra. Apesar de ser um grande admirador de todo o trabalho de Hermano, me vejo dessa vez tendo uma outra leitura oposta a dele, no que concerne o projeto “O Mundo precisa de poesia – blog”. Digo isso apesar de me sentir como um jovem profissional que se esforça para para construir uma carreira sobre muitos referenciais que, se não foram criados por ele, foram em muito difundidos, concretizados ou esclarecidos por suas obras – seja em textos, TV ou internet.

Em seu texto publicado no jornal O Globo, em 18 de março de 2011, Hermano assume ser o mentor do tal projeto e explica como o concebeu, de forma ampla e plural. Isto não é surpresa, já que esta é a tônica de tudo que ele vem belamente construindo como uma das cabeças mais importantes do Brasil do nosso tempo, sobretudo quando se trata de pensar a cultura. Porém, faço questão de escrever este texto aqui, no Overmundo, site também pensado e criado por Hermano - e que acompanhei com particular atenção sobretudo no seu começo. Faço isso, pois aqui depositei muita confiança pela proposta matriz de tornar a cultura brasileira mais ampla e abrir janelas à mesma altura nas paredes da Gávea, de Cajazeiras ou de Santa Izabel. Um projeto com a cara do que acredito deva ser a produção cultural que a minha geração vai praticar. Um projeto que envolve a formação e visibilidade de milhões de pessoas por todo o pais, que envolve um instituto (o Instituto Overmundo) que produz pesquisas relevantes ao debate cultural e que, quando lançado há cinco anos, noticiava-se ter custado cerca de R$ 2 milhões, também financiados por lei de incentivo fiscal e, naquela ocasião, patrocínio da Petrobras. Um projeto de internet includente, descentralizado (ainda que com um núcleo inteligente a frente), e que avançava – esse sim!!! – na concepção de produção cultural digital complexa e indiscutivelmente importante para o pais.

É lógico que atualizados os valores de mercado e o fato de hoje o Overmundo já estar implementado, os números de 2006 poderiam ser revistos, mas eles tornam ainda mais constrangedores as cifras que envolvem este projeto de Bethânia, pelo formato que ele certamente terá (leram o Pablo, né?). Um projeto que, apesar das intenções e propostas ditas por Hermano nO Globo, acena para um mal que se instalou no dia-a-dia de uma indústria cultural brasileira que só se sustenta à base de incentivos fiscais e prestação de contas baseadas em “visibilidade da marca”. Uma lógica que envolve muito mais a criação de monstros-celebridades de colunas sociais do que necessariamente a relevância da produção cultural em questão. Altos cachês para pouquíssimos ilustres, financiados por uma base larga não tão bem remuneradas assim. Essa é a lógica capitalista? Talvez, mas não me parece ser a mesma lógica que é praticada pela geração que vem construindo a linguagem da cultura digital, da qual Hermano é um dos mais relevantes nomes e pensadores. Ele encerra o citado texto dizendo que nada disso irá convencê-lo de que o mundo não precisa de poesia. Peço licença à admiração, para discordar de que essa não é a discussão e este argumento é fraco e segregador. Eu também acho que o mundo precisa de poesia, mas discordo que um projeto com este modelo possa ser sinônimo de poesia. Posso caber nos dois lados? E mais, apesar de não me amarrarem, gosto tanto de dinheiro quanto de poesia. Há dias que gosto mais de um, em outros prefiro o outro. Mas amarras, não.

E por não gostar de amarras, assim como o Pablo, também não me sinto confortável ao ler Jorge Furtado dizer que a “gritaria contra o blog de Maria Bethânia é mistura de ignorância, preconceito e mal-caratismo” e ainda ser reduplicado por aí. Como assim? Não estou gritando, mas me opondo numa discussão que pretendo, seja sadia e inteligente. E aí? Me tornei ignorante, preconceituoso ou mal-caráter por isso? Ou já era e não sabia? Ora, que patrulha intelectual é essa? Por favor, me incluam fora disso. Tampouco aceito quem argumente contra o caráter ou a índole dos proponentes e envolvidos com o projeto, simplesmente por discordar deles. A essa altura do século 21, muito me surpreende que alguém da geração de Furtado possa tomar uma postura dessa, levantar um dedo na cara de quem tenha “a audácia” de se opor a algo que ele acredite, apóie ou torça a favor. Um dedo na minha cara, ainda que eu goste de vários de seus filmes. Vire ele pra você.

De forma pouco pragmática, tenho pensado muito a respeito desse assunto e ainda não encontrei motivos para pensar diferente do que descrevi acima, o que não me impediria, nem impedirá, de mudar de ideia, se for o caso. Porém não dá pra aceitar essa polaridade e pouca capacidade de discutir o que há de mais profundo nesta questão que é: qual o modelo de produção cultural que acreditamos para a internet e as mídias digitais no Brasil? Como o governo brasileiro lê o que vem acontecendo nos últimos quinze anos e que tipo de iniciativa pretende apoiar? Será que o modelo da internet deveria servir para readequar e atualizar as formas de produção audiovisuais praticadas pela TV e cinema ou será que queremos enquadrar a internet nos velhos modelos, como sugerem os argumentos apresentados para justificar o valor total do blog “O Mundo precisa de poesia”? É urgente rediscutir toda a Lei Rouanet e nisso incluir as mídias digitais entre as áreas incentivadas? Acredito que sim, mas antes disso temos que responder a todas essas perguntas anteriores.

Então, assim, poderemos continuar a conversa. Só não me venham dizer que se opor é assinar em baixo de que a internet só deve produzir coisas toscas, sem esmero ou qualidade. Também não venham também me ensinar velhos modelos de planilhas orçamentárias ou dizer que dinheiro me amarra ou me gera repulsa. Não me venham também apontar o dedo da hierarquia, da idade ou da “experiência”. E, por fim, não me venham usar a entidade “Maria Bethânia” para defender ou atacar. Posso até concordar com o que Caetano Veloso escreveu hoje, também nO Globo, de que “Maria Bethânia é uma deusa”. Mas eu não me esqueço de que o estado é laico e cá devemos estamos para discutir.


Bruno Maia (sobremusica.com.br)

Rio de Janeiro, RJ

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Assassinato na Amazônia



















Caros amigos,



As florestas brasileiras estão correndo perigo. A Câmara dos Deputados acaba de enfraquecer o rígido Código Florestal e corajosos ativistas brasileiros estão sendo assassinados por dizerem o que pensam. É hora de levarmos essa importantíssima batalha ao palco global - se todos nós pedirmos à Presidente Dilma para vetar esse projeto de lei, poderemos salvar as florestas brasileiras.
A Câmara dos Deputados acaba de aprovar o esvaziamento do Código Florestal brasileiro. Se não nos mobilizarmos agora, enormes extensões de nossas florestas poderão ficar vulneráveis a um devastador desmatamento.

O projeto de lei gerou revolta e protestos generalizados em todo o país. E a tensão está subindo: nas últimas semanas diversos ativistas ambientais respeitados foram assassinados, supostamente por matadores contratados por madeireiros ilegais. É essencial agir agora mesmo. Estão tentando silenciar qualquer crítica enquanto a lei está sendo discutida no Senado. Mas a presidente Dilma tem o poder de vetar as mudanças se conseguirmos persuadi-la a superar a pressão política e assumir o papel de uma verdadeira líder em questões ambientais.

Setenta e nove por cento dos brasileiros querem que Dilma vete as mudanças no Código Florestal, mas nossas vozes estão sendo desafiadas por lobbies de madeireiros. Agora, depende de todos nós nos mobilizarmos para calar esses lobbies. Vamos nos unir agora em um gigantesco apelo para dar fim aos assassinatos e à exploração ilegal de madeira e salvar nossas florestas. Assine o abaixo-assinado a seguir - ele será entregue a Dilma assim que conseguirmos 500.000 assinaturas:

http://www.avaaz.org/po/save_our_forests/?vl


As florestas brasileiras são imensas e importantes. A Amazônia sozinha é vital para a vida no planeta - 20% do oxigênio e 60% da água doce do mundo vêm dessa magnífica floresta tropical. E por isso é tão crucial protegê-la.

É por isso que tanta gente vê o Brasil como um líder internacional em questões ambientais e é por isso que a Conferência da Terra, um encontro que acontecerá no ano que vem com o objetivo de impedir a morte lenta de nosso planeta, será no Rio de Janeiro. Por outro lado, também somos um país em rápido desenvolvimento que luta para tirar dezenas de milhões de pessoas da pobreza, e é intensa a pressão sobre nossas lideranças para desmatar florestas e abrir minas para gerar lucro. Daí o perigo de essas lideranças estarem quase dando o braço a torcer em termos de proteção ambiental. Ativistas locais estão sendo assassinados, intimidados e silenciados. Agora, cabe aos membros da Avaaz pedirem aos políticos brasileiros para serem firmes.

Sabemos que há uma alternativa. Lula, o antecessor de Dilma, reduziu enormemente o desflorestamento e consolidou a reputação internacional de nosso país como líder em questões ambientais, além de gozar de um gigantesco crescimento econômico. Vamos nos unir agora e pedir a Dilma para seguir o mesmo exemplo! Assine o abaixo-assinado para salvar nossas florestas e, em seguida, encaminhe este e-mail a todos:

http://www.avaaz.org/po/save_our_forests/?vl


Nos últimos 3 anos, os membros da Avaaz no Brasil mobilizaram-se com enormes iniciativas e lideraram extraordinárias campanhas para que o mundo chegue a ser aquele que todos desejamos: conseguiram a aprovação de uma histórica lei anticorrupção e fizeram lobby para que o governo tivesse um papel de liderança na ONU, protegesse os direitos humanos e interviesse para apoiar a democracia no Oriente Médio, e ainda ajudasse a proteger os direitos os direitos humanos na África e outras regiões.

Agora, estamos reunindo os membros da Avaaz de todo o mundo em um apelo global para salvar as florestas. Juntos, podemos construir um movimento florestal internacional e proclamar o Brasil mais uma vez como um verdadeiro líder em questões ambientais. Assine o abaixo-assinado e, em seguida, encaminhe este e-mail a todos:

http://www.avaaz.org/po/save_our_forests/?vl


Com esperança,

Emma, Ricken, Alice, Ben, Iain, Laura, Graziela, Luis e o resto da equipe da Avaaz


MAIS INFORMAÇÕES:


Ativistas marcham contra novo Código Florestal no Rio e em SP
http://bit.ly/mnmoGz

Senado precisa modificar o Código Florestal
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110619/not_imp734296,0.php

Ministra vai recomendar veto caso Código Florestal seja aprovado no Senado sem mudanças
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/06/21/ministra-vai-recomendar-veto-caso-codigo-florestal-seja-aprovado-no-senado-sem-mudancas-924734864.asp


Para senador, novo Código Florestal compromete a defesa do meio ambiente
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/06/16/para-senador-novo-codigo-florestal-compromete-a-defesa-do-meio-ambiente/

Igreja Católica anuncia apoio contra o novo Código Florestal Brasileiro
http://primeiraedicao.com.br/noticia/2011/06/22/igreja-catolica-anuncia-apoio-contra-o-novo-codigo-florestal-brasileiro


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A Avaaz é uma rede de campanhas globais de 9 milhões de pessoas
que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais. ("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 13 países de 4 continentes, operando em 14 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ana de Hollanda & Jô Soares: Reportagem crítica

Fonte: Cultura e Mercado

Jair Alves | sexta-feira, 17 junho 2011

Cercada de alguma expectativa, a ministra da Cultura Ana de Hollanda foi entrevistada neste 14 de junho no Programa do Jô. O evento precedido de episódios ainda não inteiramente esclarecidos, para uns se transformou numa decepção pelo que foi discutido em dois blocos do programa. Para outros, como nós que acompanhamos a gravação dos bastidores, uma grande incógnita. Como se comportará a maioria dos artistas profissionais, diante de tamanha visibilidade? Como se comportarão membros do atual Governo Federal, Partidos da base aliada, até mesmo a Presidenta Dilma que esteve grudada na televisão durante a exibição da edição de terça-feira?

Se levarmos em consideração que esse encontro tão esperado tinha como personagem um artista como Jô Soares: ator, escritor, artista plástico, diretor teatral, apresentador e humorista, umbilicalmente ligado desde a década de cinqüenta às Artes e a Cultura (produções cinematográficas, como as chanchadas da Atlântida); coadjuvante das transformações da televisão brasileira, como autor e ator de programas a exemplo da Família Trapo que se inscreveu na história da Tevê na década de sessenta; vendo e participando de perto dos eventos mais importantes da Música como os Festivais da Record; mais tarde, 70 e 80, nos programas humorísticos da Globo e, nos últimos anos desde a década de 90, entrevistando “Deus e o Mundo” madrugada adentro veremos que mesmo com discordâncias ele é uma das poucas referências na Cultura Nacional. Como bem lembrou um outro entrevistado da noite, não existe cultura sem memória. Sem Passado não se tem identidade! O encontro tinha tudo para entrar na história. O resultado, no entanto, poderá ser outro dependendo da avaliação que se fizer desde já.

Como nasceu essa pauta?

Depois de ininterrupto bombardeio durante quatro meses desferidos por inimigos ocultos ou desconhecidos e sem nenhuma expressão como a legião de “ativistas virtuais” que se autodenomina “defensores dos Artistas Nacionais”, Ana de Hollanda veio a São Paulo para dialogar com as categorias profissionais. Nesse ataque covarde e desproporcional não faltou abaixo-assinado pedindo “a cabeça” da Ministra (em nome exatamente do quê?). Para estancar a sangria foi preciso a própria Presidenta colocar uma pedra no assunto com um recado à Ana, “Resista, Resista”. Finalmente no mês de Maio de 2011, a bancada paulista do PT resolveu colocar em campo seu exército para acalmar os “aventureiros” – o governo não poderia suportar tamanha afronta. Sem vínculos partidários um pequeno grupo de artistas e intelectuais lançou um modesto manifesto em defesa da Ministra e da Cultura Nacional, conhecido como CartaAlerta. Uma copia foi enviada por nós à produtora do Programa do Jô, Anne Porlan. A soma de signatários, insignificante é verdade se comparada à “carta golpista” engordada artificialmente pelos “militantes virtuais” sem nenhuma relação direta com a produção Artística e Nacional. Essa é a origem do programa de terça-feira. No dia 11/05 Anne Porlan ligou para o nosso celular solicitando ajuda para chegar até Ana de Hollanda, relatando um episódio no mínimo surrealista, lembrado por Jô Soares nesse primeiro bloco. Ele mesmo havia ligado para a Assessoria do * MINC, e quem na oportunidade era responsável pela imprensa simplesmente interpretou o telefonema como uma “pegadinha”. Por certo, o funcionário não tem idéia da força que representa os artistas brasileiros e todos os assuntos que lhes dizem respeito. Daí achar que um telefonema do titular do programa estaria fora de qualquer propósito. Quando Jô lembrou esse telefonema, primeira “saia justa” enfrentada por ela, Ana bebeu tanta água que quase se afogou. Pena para alguns! Ana, conhecida como “chapa-quente” em outras circunstâncias a entrevista poderia entrar para a galeria dos grandes “barracos” da tevê brasileira. Porém, o que se viu foi um programa de Encontros e não de Desencontros. Estavam entre amigos, e tudo “acabou em samba que é a melhor maneira de se conversar…. ”

Como transcorreu a entrevista

Clique aqui

Visivelmente pouco à vontade no primeiro momento, a ministra Ana de Hollanda foi à personagem central no programa Jô Soares nesta última quarta-feira (14 de junho) e por essa razão Marcos Azambuja, um Diplomata brasileiro atualmente membro do Conselho ** IPHAN foi pautado para ser entrevistado nesse mesmo dia. Logo de início Jô Soares, com fortes dores no nervo ciático daí sua aparente falta de energia, tocou na questão da aprovação de uma proposta da cantora Maria Bethânia, por parte do MINC (na verdade, *** CNIC) inclusive mencionando que a mesma teria desistido do projeto. Sobre esse tema que acabou mobilizando e pautando por algumas semanas a imprensa de uma forma geral (escrita e virtual), a ministra respondeu de forma técnica e eficaz até porque não cabe a ela decidir sobre o que é aprovado ou não. Restou saber se, de fato, as explicações causaram algum interesse do grande público. De qualquer forma, ao menos serviu para clarificar que existe um enorme abismo entre o que acontece nos bastidores e o que deveria saber esse imenso número de pessoas. Aos poucos, a entrevista foi ganhando contornos de uma metáfora sobre nossa realidade com ar de dramaturgia “pirandelliana”.

Anteriormente a isso, a ministra presenteou Jô Soares com um seu CD afirmando que não estava ali como cantora e justificando que antes não havia tido à oportunidade para o gesto. Ele, então lembrou o fato de ela ser irmã do compositor Chico Buarque de Hollanda, mas que naquele momento o assunto era outro dizendo que tinha à impressão de a Pasta da Cultura ser a mais difícil de administrar. Perguntou se ela esperava enfrentar o bombardeio que aconteceu, logo no início que assumiu o ministério e qual teria sido a razão de ela ter sido tão boicotada e se essa atitude não tinha uma conotação política partidária? A ministra afirmou que naturalmente sabia que encontraria dificuldades, pelo fato de lidar com opiniões diferentes e egos deparando com pensamentos e idéias próprias, embora tudo tenha sido mais violento do que esperava. Mencionou ainda a criação de uma nova Secretaria (Economia Criativa) e fez questão de falar sobre a parceria com outros ministérios, entre eles o da Educação. Encerrando o primeiro bloco Jô Soares adiantou que, além da questão Bethânia ainda falaria com sobre outros assuntos.

Embora havia apontado, não iniciou o segundo bloco com as perguntas, fazendo questão de apresentar um vídeo ao lado da ministra onde ela aparece cantando a música “No Rancho Fundo” (de Ary Barroso e Lamartine Babo – 1931), e só depois iniciou outra etapa de perguntas. A primeira questão, como estão atualmente os recursos do Ministério? Em relação a isso ela afirmou que fora gastos com pessoal e despesas físicas, está em torno de 806 milhões e muitos restos a pagar, mas que estão trabalhando em conjunto com parcerias e patrocínios como a Petrobrás, **** BNDS. Há também no Ministério os programas do ***** PAC II, passado pela presidenta, ao todo 800 praças a serem instaladas em zonas carentes bibliotecas, auditórios, assistência social. Ainda com outros ministérios, como o da Educação, com estudantes do Ensino básico e médio; Ciência e Tecnologia, além das Secretarias que lidam com o cidadão (Integração Social, Direitos Humanos, Secretaria da Mulher, e também a ***** GEL. Sobre Direitos Autorais ela explicou que a decisão final cabe ao Congresso, com posterior sanção da Presidência, informando que no final de dezembro o projeto de reformulação foi encaminhado à Casa Civil pela gestão anterior. “Assim como acontece com os demais projetos de outros Ministérios, são devolvidos a nós para avaliação, endossando ou não. Eu o examinei com a nova equipe de Direitos Autorais, e resolvemos aprofundar melhor algumas áreas como a de música, cinema, fotografia, literatura, teatro, solicitando que recebesse mais contribuições para em seguida fechar em cima de novas propostas e encaminhar ao ****** GIP Depois ele volta para a Casa Civil e Congresso Nacional, que dará a palavra final”.

Acompanhar a discussão que dominou corações e mentes dos “Internautas”, desde os primeiros movimentos e culminando com estar presente de corpo e alma na gravação da entrevista foi revelador. O Estúdio nas dependências da TV Globo-SP é parecido como uma fábrica de sonhos, dando a sensação que a partir de agora, sim, vamos conversar com algum equilíbrio sobre Cultura Nacional, porém como nos sonhos e na memória o resultado acaba tendo uma outra dimensão. Até o momento dezenas de críticos e/ou oportunistas pegaram carona na nomeação de um membro da família Buarque de Hollanda (como lembrou a deputada Telma de Souza), sem medir conseqüências danosas de algo parecido com o achincalhe por quase um semestre e, agora, vemos que nada se parece com o espetáculo de vaidades produzido artificialmente tinta gasta, postagens, e discussões virtuais a respeito vira pó. Mas, o que importa no momento é o que está registrado em imagens como certa vez disse Mario Schenberg, “Esse encontro valeu pelo que não foi dito”. Somadas as campanhas de prós e contras à Ana de Hollanda, o que vale a partir de agora é o “Programa do Jô”. Ou Melhor, o que não foi discutido. Quem sabe a generosidade que sobrou na noite de 14 de junho sirva para estimular gregos e troianos, horácius e curiácius, Caims e Abels, a se lançar em busca de um diálogo sério e franco. Paradoxalmente, nessa semana o jornalista Bob Fernandes, comentando a respeito de uma carta protocolar enviada ao ex-presidente FHC pela Presidenta Dilma, sugeriu que desde já abandonássemos a radicalidade que só interessa aos extremos (o lado ruim da vida Nacional que ganha relevância nas disputas eleitorais, segundo o jornalista) para ouvir o que de melhor existe de um lado ou de outro. Quem sabe esteja aí o caminho abandonado lá atrás, quando tanques, baionetas, e câmaras de tortura silenciaram os acordes dissonantes inventados no início da segunda metade do Século passado.

Resta saber se, de fato, a entrevista desta terça feira tem ou não relevância histórica. Vendo com os olhos da razão, parece que sim!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ciclo junino em Sergipe : decadência ou revitalização?


José Paulino da Silva – Doutor em Filosofia e História da Educação

O Centro de Criatividade, visando comemorar o aniversário de 26 anos de fundação promoveu no dia 10 próximo passado, um fórum junino com o objetivo de discutir a “Contribuição dos festejos juninos para a formação da Identidade Cultural Sergipana”. Convidado para ser um dos provocadores deste tema, aceitei por acreditar que esta discussão mantém acesa a chama da defesa da cultura popular brasileira da qual o ciclo junino é um segmento. E por entender também que a melhor forma de manter a identidade cultural de um povo é oportunizar-lhe meios para que possa continuar a expressar-se produzindo cultura e (usu)fruindo da produção cultural. A identidade de um povo é uma realidade dinâmica em constante elaboração. Ao longo do processo de sua construção algumas características vão perdendo sua força, outras se acentuam. Ao interagir com outras culturas, os povos e segmentos populares reelaboram sua própria produção simbólica. Entre as instituições que exercem influência cultural, citamos o poder político e econômico representados , entre outros, por agentes públicos e meios de comunicação. Mas é a própria população que deve assumir-se como protagonista de sua vida incluindo sua cultura.

Para nós sergipanos, o ciclo junino é um período denso de significado. Seu traço mais marcante é a celebração da festividade através da dança e da música como momento de participação efetiva do povo. Como afirmei em outra oportunidade, “a festividade se apóia em memória e crenças comuns, alimenta esperanças coletivas, celebra a vida, favorece a gratuidade do criar, o compartilhar desinteressado, o reencontro com a alegria de viver e do conviver que reconcilia o homem consigo, como os outros, com o cosmos, lembrando-o que a felicidade é direito e meta de todos”(CD Vozes e Toques Sergipanos).

Megashows x celebração festiva

Sem querer ser pessimista, nem muito menos saudosista, tenho constatado que o ciclo junino em Sergipe, está perdendo o sentido de celebração, de efetiva participação da população. Basta verificar o que ocorre com a música e a dança, duas expressões mais representativas deste ciclo. Tem sido crescente a sua desvalorização causada pela ganância dos grupos que comandam a indústria cultural dos mega-shows e pela permanente ausência de uma política pública comprometida com os valores da cultura popular. A união destes dois fatores negativos tem causado desgaste, prejuízo e humilhação a artistas deste ciclo e, sobretudo, tem privado o povo do prazer da dança, da alegria do brincar. Os mega-shows musicais que primam pela espetacularização, são vendidos como entretenimentos a uma platéia de consumidores que já não dançam nem cantam, mas são expectadores da exibição do que acontece no palco’.

A transformação de Aracaju num grande pólo dos festejos juninos com dois grandes espaços, um situado no mercado municipal e outro na orla da Atalaia, tem prejudicado sensivelmente os demais bairros e as cidades que integram a grande Aracaju. Em pouco tempo o pólo denominado de Forró Caju do mercado municipal apagou literalmente as fogueiras da tradicional rua São João bem como o brilho dos festejos que se realizavam nas ruas do bairro Santo Antônio.

A programação junina em todo estado tem se tornado repetitiva. Tem acontecido a cada ano, uma homogeneização da programação na qual se priorizam os artistas de fora e as bandas de forró eletrônico, colocando-os nos melhores horários, nos maiores palcos, com maiores cachês, em detrimento dos trios de forró e grupos dos artistas locais.. Como exemplo de desvalorização do artista local, basta olhar a propaganda veiculada nas revistas de circulação nacional e na imprensa local, sobre o Forró Caju: um cartaz com o rosto de vários artistas nordestinos, mas nenhum sergipano! Para enfrentamento desta questão, sem dúvida, desagradável, humilhante, não basta uma legislação que estabeleça critérios justos e transparentes. É necessário vontade política por parte dos gestores públicos e evidentemente, senso ético. Vontade política ligada mais ao fazer do que ao dizer.Vale aqui citar o exemplo que está acontecendo atualmente no Estado da Paraíba. O secretário de Cultura daquele Estado, Chico César decidiu não liberar verbas para as prefeituras contratarem as bandas de “forró de plástico”. A reação a esta sua decisão, diz matéria veiculada na imprensa, foi como “soltar um busca-pé numa sala de reboco lotada.” (Folha de São Paulo. E 4 Ilustrada, Edição de 8 de maio de 2011. RAIZ FORTE). É importante observar que a decisão do secretário Chico César teve total apoio do governador e de outros artistas de renome nacional.

Há quem defenda que esta realidade a que chegou o ciclo junino em Sergipe, seja irreversível, decorrente da dinâmica dos fatos. Afinal a sua espetacularização não tem aumentado o fluxo turístico, inclusive trazendo mais divisas para o comércio local? A concentração dos espetáculos não tem sido uma boa para o marketing das empresas financiadoras e também um excelente palco para maior visibilidade dos políticos, especialmente quando é ano eleitoral? Admitir este raciocínio é concordar que tudo está bom, tudo está bonito. Apatia por parte da sociedade civil, conformismo ou silêncio por parte da maioria dos artistas que se acreditam na condição de nada poder dizer. E é isto o que os grupos que se apropriam dos valores da cultura do povo e os gestores inescrupulosos querem que aconteça.

Será que tudo está perdido?

Acredito que não. Muita coisa pode ser feita. Um ponto de partida é não ficar de braços cruzados, esperando que tudo venha das mãos do poder público, como benesse do líder político. Isto não significa que não se deva exigir do gestor político a responsabilidade de administrar bem as coisas públicas. É importante que a população discuta através de suas associações as possíveis formas para resgatar sua efetiva participação nas manifestações do ciclo junino e estimular o direito à alegria, ao lazer sadio na volta da celebração festiva deste ciclo

Revitalizar o ciclo junino não pode ser entendido como saudosismo ou um simples retorno ao passado. Queremos aqui lembrar que há uma relação dinâmica entre passado, presente e futuro. Entender a relação entre memória e história é uma chave importante para quem quer conhecer a realidade atual e propor ações afirmativas para sua transformação. Lembro um pensamento do filósofo Bergson ”A memória que se atualiza no presente, e que se move do passado em direção ao presente, não se detêm nele; pela própria natureza contínua da duração, ela é portadora do futuro.” A história do ciclo junino, com toda sua plasticidade, toda sua beleza, toda sua riqueza de significados, continua muito viva na memória da população, especialmente dos moradores dos bairros mais populares mais antigos. Como aproveitar este potencial?

Algumas sugestões

O filósofo cubano José Martí dizia que O fazer, é a melhor forma do dizer. ” Creio que o objetivo deste Fórum Junino foi indagar a cada um de nós,(população, gestores públicos, artistas, empresários, mídia) do lugar onde estamos, o que podemos fazer ante a questão do ciclo junino e a identidade sergipana . Eis algumas sugestões:

· A criação de Pólos-Arraiais nos bairros, com infra-estrutura necessária para boas apresentações e dança de forró.

· Estimular os moradores dos conjuntos e condomínios a fazerem seu São João.

· Resgatar e devolver aos moradores das comunidades, os espaços denominados de “Barracões Culturais” que foram construídos com dinheiro público e hoje se encontram abandonados ou invadidos. Fazer circular nestes barracões artistas locais com programação semanal.

· Buscar com a população local, iniciativas que possam reativar, brincadeiras como ‘O Arraial do Arranca Unha’ e revitalização de espaços como, a ‘Rua São João,’ ‘Espaço Cultural o Gonzagão’.

· As danças do ciclo junino (forró, quadrilhas, côco de roda) poderiam se constituir em matéria de ensino nas escolas, e de dinamização nos barracões culturais visando a integração da geração jovem com os valores deste ciclo.

· Apoiar as quadrilhas no sentido de que elas encontrem um equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo (estilização) estimulando-as a manter maior envolvimento com a comunidade, através da realização de um trabalho sócio-educativo junto à juventude, pessoas de terceira idade...sem perder a dimensão de ser uma expressão cultural que devolva ao povo o direito à alegria e do divertir-se coletivamente.

· Mantendo a similaridade com o Festival de Verão, promover sempre no mês de maio um Grande Forró da Juventude, com a participação de jovens sanfoneiros de todo o Brasil, interiorizando este festival nos centros maiores dos oito territórios sergipanos.

· Manter acesa a chama do Fórum de Forró de Aracaju, evitando deixar para última hora as providências necessárias para sua realização.

· Criar uma comissão mista (poder público, sociedade civil, representante dos artistas) para definir critérios transparentes para programação de shows pagos com o dinheiro público.

Como disse antes, cada um a seu modo, pode contribuir para a revitalização do ciclo junino. Esta é uma luta de todos na qual a responsabilidade maior deve ser dos gestores públicos. Esses tem o dever de induzir políticas e destinar recursos a eventos que valorizem os artistas, os espaços e equipamentos relativos a este ciclo para que a população possa expressar sua alegria de viver, celebrando esta festividade como participante efetivo e não como simples espectador.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O SEU COMENTÁRIO EM DESTAQUE


renata disse...

Povo do Governo! O salário de vcs ja n é o bastante? Voces n fazem nada nem pela cidade de voces.Asa Sul e C&A.. Deixem Nossos Donos da Terra, os índios em Paz! Mas se voces ignorarem nossos apelos..fiquem em paz!

Leia a matéria
http://consorciocultural.blogspot.com/2011/06/o-cacique-raoni-chorou-ao-prever-o.html

UBUNTU


A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz, em Floripa (2006), nos presenteou com um caso de uma tribo na África chamada Ubuntu.

Ela
contou que um antropólogo estava estudando os usos e costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa. Sobrava muito tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo; então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou
uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam dentro.

As
crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O
antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas
simplesmente responderam: "Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

Ele
ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade,a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu
significa: "Sou quem sou, porque somos todos nós!"

Atente
para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...

UBUNTU PARA VOCÊS!