quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pais criticam marqueteiros por estimularem a sexualidade precoce em meninas

Na matéria abaixo, pais norte-americanos criticam o vale tudo dos
marqueteiros que para empurrar as crianças ao consumismo desenvolvem
estratégias de maketing visando passar por cima deles, destruindo os
valores na formação das crianças que eles tanto se empenham em
construir.

Este problema também ocorre no Brasil e no restante do Mundo. (Milton Coelho- colaborador do blog Consórcio Cultural)


Pais criticam marqueteiros por estimularem a sexualidade precoce em meninas

Titulo original: Parents decry marketers who push sexuality on little girls

Jornal USATODAY 12-04-2011

By Liz Szabo, USA TODAY


Tradução da matéria que está no link (acesse e assista ao vídeo sobre o assunto, que é muito bom):


http://yourlife.usatoday.com/parenting-family/story/2011/04/Parents-decry-marketers-who-push-sexuality-on-little-girls/46021496/1



Claro que, algum dia o seu príncipe virá. Mas chatear os pais a
deixá-la usar maquiagem para pegar um atalho em seu desenvolvimento da
maturidade pode levá-la a uma ladeira escorregadia que encurta a
infância por alguns anos
.

Ser um pai nunca foi tarefa fácil. A
partir dos terríveis 2 anos até a penosa fase da adolescência, os pais
passam a maior parte de suas vidas dizendo: "Não."

Não coma bombom no café da manhã. Não coloque bala dentro do nariz. Não coloque anéis no nariz.


Hoje, porém, os pais que tentam criar filhos saudáveis dizem que se sentem
como se estivessem travando uma batalha com a cultura, sempre tentando
proteger seus filhos de um ataque de lixo que vai de refrigerantes
açucarados a vídeos violentos.

Ao transformar crianças em
mini-consumidores - muitas vezes com os seus próprios telefones
celulares - os marqueteiros estão tornando-as adultas antes do tempo e,
muitas vezes, revoltando-as contra os pais, diz Jean Kilbourne, co-autor
do livro 'Tão sexy, tào cedo: A Nova Infância sexualizada e o que os
pais podem fazer para proteger seus filhos.'

"Vivemos tempos
difíceis de ser criar os filhos", diz Susan Linn da Campanha de Boston
para uma Infância Livre de Comerciais. "Nenhuma geração de pais na
história teve que lidar com esta situação fazer frente a uma indústria
de US $ 17 bilhões (mercado de produtos para crianças) que trabalham
noite e para contornar os pais e atingir as crianças com mensagens que
atentam contra os valores dos pais."

Contra o que são os pais lutando?

Experimente biquínis com preenchimento na parte de cima da Abercrombie & Fitch,
projetado para meninas de 7 e 8 anos. Esta é a mesma empresa que os
pais estão indignados por vender tangas para meninas de 10 anos.

Há uma nova linha do Wal-Mart de maquiagem para meninas de 8 a 12 anos,
que gerou um tumulto antes mesmo de seu lançamento oficial.

E não se esqueça da mini-saia "moda" boneca " da Bratz, Lollipop Girls e
Monster High - que fazem a Barbie parecer conservadora.

E esses são apenas alguns dos produtos para as crianças.

Katy Farber, uma mãe e professora de escola primária e mãe de Montpelier,
Vermont, diz que ela está muito preocupada com o crescente número de
crianças pequenas expostas à música adulta e vídeos. Farber diz que viu
meninas de 5 vestir-se como Lady Gaga.

"Quando estávamos
crescendo, os pais só tinham que se preocupar com a televisão", disse
Linn. "O que os pais estão tendo que lidar hoje é sem precedentes na
história, é a convergência de mídia de tela e o comércio, descontrolado e
desregulado. Hoje, o mercado está tão saturado, com tantos canais e
plataformas, que as pessoas têm de ser escandalosas só para serem
notados."

Os marqueteiros sabem que os pais oferecem resistência para comprarem muitos destes produtos.

É por isso que direcionam os seus anúncios diretamente para as crianças,
diz James Steyer da Common Sense Media, que fornece educação da mídia
para as famílias. As crianças podem não ter muito dinheiro, mas elas
podem ser incrivelmente eficazes em chatear os pais, Steyer afirma. "O
objetivo é fazer com que os pequenos pressionem seus pais a comprar-lhes
coisas."

Ao incentivar as crianças a espetar com a agulha seus
pais, marqueteiros estão provocando 'rebeldia prematura de adolescentes'
já em crianças de 5 a 6 anos, diz Kilbourne.

"Os marqueteiros
têm uma frase chamado "o poder de incomodar ", diz Lyn Mikel Brown,
professor de educação no Maine Colby College e co-autor de 'Empacotando a
Infância . "Toda a vez que os pais dizem não, os pequenos reagem
contra".

Peggy Orenstein, mãe de uma criança de sete anos, diz
que está cansada de marqueteiros transformando cada ida ao supermercado
em uma batalha de desejos ou de um "momento de ensinamentos." Orenstein
diz que perdeu a linha quando sua filha, na pré-escola, pediu para fazer
a unha.

"Eu não esperava, quando eu tinha uma filha, que uma das
tarefas mais importantes em minha vida seria a de proteger a infância
dela de ser apanhada pelas garras de marqueteiros ", escreveu Orenstein
em seu livro "A cinderela devorou milha filha".

Ela argumenta que
mesmo a atual mania de "princesa" - que arrecadou US $ 4 bilhões para a
Disney em 2009 - simplesmente induz meninas da pré-escolar a terem uma
imagem com mais apelo sexual, incentivando-as a concentrar-se na beleza e
moda para serem atraentes para os meninos.

No entanto,
Orenstein diz que é difícil encontrar roupas e brinquedos que não
instiguem o desejo das meninas de se sentirem "muito lindas" ou
"atrevidas", que Orenstein vê como uma "palavra código para ser sexy".

"Por que estamos dizendo às meninas que elas não são maravilhosas o
suficiente do jeito natural de ser?" , diz ela. "Será que elas não
deveriam decidir por conta própria pela forma de aparecer para os
outros?"

É fácil perceber o porquê os "tweens" " um termo
inventado por marqueteiros, e não os psicólogos do desenvolvimento, para
caracterizar meninos e meninas de 8 a 14 anos " são um filão do mercado
consumidor, diz Orenstein.

Fabricantes de brinquedos e roupas
podem criar novos mercados, quebrando a infância em segmentos
imaginários, cada um com suas próprias necessidades e desejos distintos,
diz Orenstein.

Mas transformar as meninas em tweens, força elas a crescerem mais rápido, diz Orenstein.

Talvez não seja surpreendente que os médicos estejam obsevando agora casos de
anorexia em crianças a partir dos 8 ou 9 anos, diz Chris Feudtner
pediatra do Hospital Infantil da Filadélfia.

"Parece que a
fronteira entre a infância e a adolescência erodiu", diz Brown. "Não há
realmente uma infância mais distinta. É tudo uma questão de como fazer
uma criança parecer adulta.

Cavalos de salto alto

Mesmo os
personagens de desenhos animados que as mães de hoje lembram de sua
própria infância - de Moranguinho ao Meu Pequeno Ponei - estão passando
por uma reformulação, diz Orenstein.

Esses personagens que eram
mais bonitinhos e gordinhos (tinham uma aparência de bebês), agora
parecem mais adultos, mais alto, mais bonitos - e mais magros, Orenstein
nota. A Playmates Toys ainda vende cavalos de brinquedo, chamado
"Struts," que usam roupa-cor-de-rosa e saltos altos. O sininho (fada) da
Disney - um dos personagens favoritos na pré-escola - hoje veste um
traje próximo ao de uma coelhinha da Playboy.

No entanto, mesmo os pais mais vigilantes não conseguem proteger suas crianças contra toda influência negativa.

Feudtner diz que sua própria filha de 4 anos ganhou uma boneca Barbie de
presente de aniversário. Embora ele nunca prestou atenção às proporções
impossíveis de Barbie antes, agora ele teme que ela não é uma boa
influência.

"Eu nunca teria dado a ela uma Barbie", diz Feudtner. "Mas eu não posso dizer: "Filha, isso não é apropriado para você".

Imagens que visam meninos não são melhores, diz Sharon Lamb, co-autora de
'Empacotando a adolescência de garotas e garotos'

Produtores de desenho animado agora estão "ensinando os meninos que você é escravo
da bebida", diz Lamb, professor de psicologia na faculdade de São
Miguel, em Vermont. "Em Bob Esponja, ficam bêbados com sorvete. Na Open
Season, eles ficam bêbados com chocolate. No Kid Nation, quando ganham,
eles celebram bebendo cerveja no bar."

Imagens violentas ou
sexuais podem causar muitos danos, diz Victor Strasburger, um professor
da Universidade do Novo México e porta-voz da Academia Americana de
Pediatria.

Pelo menos sete estudos sugerem agora que as crianças
que vêem mais conteúdo com apelo sexual pode ser duas vezes mais
propensos que outros a fazer sexo mais cedo (prematuramente),
Strasburger diz.

E criança assiste a uma grande quantidade de mídia - 32 horas por semana quando estão na idade da pré-escola, Linn diz.

Quase 80% das crianças menores de 5 anos usam a Internet pelo menos uma vez
por semana, de acordo com um novo relatório do Joan Ganz Cooney Center
em Sesame Workshop, uma entidade educational sem fins lucrativos. As
idades das crianças de 8 a 10 anos gastam cerca de cinco horas e meia
por dia, utilizando meios de comunicação - oito horas, se os
pesquisadores incluem os meios de comunicação adicional que ficam
expostos enquanto fazem outras coisas.

Farber diz que ela ainda
tenta proteger suas filhas de 3 e 6 anos de terem acesso a imagens
prejudiciais. As meninas não assistem TV e raramente vão às compras.

"Muita gente iria pensar que somos exagerados", diz Farber. "Mas eu quero que
minhas filhinhas possam ter essa idéia de que elas são bonitas em todos
os tipos de situações. Elas são lindas quando estão na piscina. Elas são
lindas quando estão estudando ciências. Elas são lindas quando estão
fazendo todas as coisas que as crianças fazem, e não apenas quando
tiverem com um estojo de maquiagem."

No entanto, não é justo colocar toda a culpa - ou de responsabilidade - sobre os pais, Linn diz.


Os pais, às vezes, deixam as crianças ficarem dentro de casa e assistirem
TV, pois eles estão com medo dos perigos nas ruas, tanto do crime urbano
quanto de criminosos que abusam de crianças, Linn diz.

"Os pais não estão sozinhos nisso", disse Linn. "Este é um problema social, e temos que enfrentá-lo dessa maneira."


Salvando a Infância


Junte-se durante toda a semana a @Liz Szabo e especialistas para discutir
formação de crianças e adolescentes usando #kidschat no Twitter

Segunda-feira: Como os pais podem ajudar suas filhas a evitar a puberdade precoce e
lidar quando ela chega. Vídeo e aconselhamento de famílias e
especialistas.

Terça-feira: O que as famílias podem fazer sobre o
marketing dirigido às crianças, que promove imagens de apelo sexual na
faixa etária imprópria?

Quarta-feira: Mais de metade das crianças
nos EUA têm tido uma doença crônica, como asma ou obesidade. O que as
comunidades podem fazer para ajudar?

Quinta-feira: Em apenas uma geração, as crianças quase não fazem atividades recreativas fora de casa.

Sexta-feira: As crianças estão fazendo mais provas, mas gastam cada vez menos tempo
brincando. Crianças estão sendo empurradas para crescer rápido demais? A
infância parou de ser divertida?

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