quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ARACAJU +CULTURA

A Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes - FUNCAJU, através do Programa Aracaju+Cultura - edital de apoio as artes, tem o prazer de convidá-lo para a Semana Aracaju+Cultura de Teatro, com os espetáculos contemplados pelo programa.
O evento acontecerá no teatro Tobias Barreto, no periodo de 24 a 28 de agosto, às 20h, com entrada franca.
PROGRAMAÇÃO
24/08 Espetáculo YERMA - Grupo Fábula, com direção de Rogério Feolli
25/08 Espetáculo SINGULARIDADES DE UMA CIVILIZAÇÃO - Direção de Luis Carlos Reis
26/08 Espetáculo O AUTO DA INDIA - Grupo Marionetas de Sergipe, com direção de Aglaé Fontes
27/08 Espetáculo O CHÁ DAS OITO - Texto de Lilian Rocha
28/08 Espetáculo O MÉDICO E A FORÇA - Grupo Oxente, com direção de Lindolfo Amaral

Yerma
Autor: Federico García Lorca


Num ambiente rural, Yerma é casada com João há dois anos e vinte dias. Não têm filhos, mas ela os deseja intensamente. Esse é seu drama e sua maior preocupação. É uma das raras casadas do vilarejo que não os têm. A tradição ali é esta: casar e ter filhos. Na casa, falam constantemente nisso. Tornou-se o problema do casal. Maria, a amiga, espera um bebê, para quem Yerma faz um enxoval. E Víctor, um ex-namorado, é uma presença incômoda: uma perda do passado e um presente proibido. Passa-se um ano. Yerma vai levar almoço ao marido que trabalha no campo, como fazem outras mulhesres. Encontra uma velha que teve 14 filhos, dos quais morreram 6. Falam de filhos e de casamentos com e sem amor. Encontra também duas raparigas, uma que deixou o filho em casa sozinho; outra que ainda não tem filhos, como Yerma. O diálogo gira em torno do papel das mulheres naquela sociedade. Entre confidências, Yerma revela que seu casamento com Juan resultou de uma imposição do pai; e sugere que só Victor lhe despertou sentimentos mais fortes, quando eram mais jovens Yerma encontra Víctor e fica mais evidente que ainda há um clima entre eles. Chega João que a manda para casa, dizendo que não volta para dormir em casa. Vai ficar vigiando a água, pouca nessa região, para não ser roubada. Dois anos mais tarde, lavadeiras conversam enquanto trabalham. Contam que João teve que parar de trabalhar um tempo pelas estranhas atitudes de Yerma, inclusive a de ficar sentada à soleira da porta, sem comer nem dormir. João teve que levar as irmãs, solteironas e carolas, para morar na casa dele. Deduzem que foi para vigiar a esposa e especulam se Yerma teria outro homem. Passam os rebanhos, menos o de Víctor. Passam mais cinco anos e nada de filhos. Chegada da noite. Yerma não está em casa. João interroga as irmãs. Yerma chega da fonte com cântaros de água. Ele não quer que ela saia. O povo fala. Aumentam os atritos entre o casal. Discutem sob o olhar das cunhadas. Ele sugere que ela crie um dos filhos do irmão dela. Ela não quer filhos dos outros. Yerma, num misto de tristeza e enveja, pega o filho de Maria no colo. Tem os olhos da mãe. Uma mocinha vem avisar que a mãe dela está à espera de Yerma. Víctor chega para se despedir. O pai dele quer que ele vá embora. Vendeu suas propriedades a João. Agora são de Yerma. Aludem a um tempo em que estiveram mais próximos. Despendem-se. Ela fica com a sensação da mão dele na dela. A mocinha volta. Yerma sai com ela. As cunhadas a procuram. Dolores, a rezadeira, mãe da mocinha, ensina a Yerma rezas e simpatias para conseguir um filho, feitas no cemintério. Segura de que não ama mais o João e que ele não quer, de fato, filhos, pretende que o filho seja somente dela. À casa de Dolores chegam João e suas irmãs, que a acusam de ser muito diferente das demais, não ter a atitude de uma mulher honrada. Yerma protesta, mas ele a condena por traição e desonra e se proclama vítima; diz-se homem simples, do campo, incapaz de fazer frente às suas espertezas e aos seus ardis. Acusa-a com veemência. Ela tenta uma aproximação. Ele a afasta. Dramaticamente, ela amaldiçoa o próprio sangue. No Ritual da Fertilidade, romaria pagã e religiosa, tradicional na região, pessoas comentam com cinismo sobre mulheres que oram pedindo fertilidade. Yerma é uma dessas mulheres. Um casal mascarado executa uma dança pagã e sensual àmoda medieval, símbolo da fertilidade. Uma velha diz a Yerma que ela não é seca, não faz juz ao nome: erma, inóspita, árida. João e sua casta é quesão estéreis. Recomenda que busque ser feliz com outro homem que lhe dê o filho que ela tanto deseja. A velha diz ter um filho adulto. Oferece-o a Yerma que se enfurece e proclama sagrada a sua honra. João, que chega nesse momento, convence-se da fidelidade de Yerma. Apaixonadamente, ele lhe confessa estar contente por não ter filhos: toda a atenção dela será para ele. Tenta beijá-la. Ela percebe que ele somente quer satisfazer seu desejo nascido ali, agora. Deve ter bebido também como todos. Ele enfim exterioriza não querer filhos. Desesperada, sentindo-se como mero joguete, Yerma o estrangula e declara ter matado o filho, alusão à possibilidade de nunca mais ser mãe, pois o marido, única matriz possível, de acordo com seus valores internalizados, está morto.
Yerma pode ser vista também em filme. Acima foto do cartaz do filme
homônimo.
Quem é Federico García Lorca
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transfere-se para Madri, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos se baseiam em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928)

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.

Intimidado, Lorca retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".

Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade - e o crime teve repercussão em todo o mundo, despertando por todas as partes um sentimento de que o que ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta... foi um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.


Assim como muitos artistas - e a obra Guernica, de Pablo Picasso -, durante o longo regime ditatorial do Generalíssimo Franco, suas obras foram consideradas clandestinas na Espanha.

Com o fim do regime, e a volta do país à democracia, finalmente sua terra natal veio a render-lhe homenagens, sendo hoje considerado o maior autor espanhol desde Miguel de Cervantes

Lorca tornou-se o mais notável numa constelação de poetas surgidos durante a guerra, conhecida como "geração de 27", alinhando-se entre os maiores poetas do século XX. Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.


Bibliografia
Em sua curta existência, García Lorca deixou importantes obras-primas da literatura, muitas delas publicadas postumamente, dentre as quais:

Poesia
Livro de Poemas - 1921
Ode a Salvador Dalí - 1926.
Canciones (1921-24) - 1927.
Romancero gitano (1924-27) - 1928.
Poema del cante jondo (1921-22) - 1931.
Ode a Walt Whitman - 1933.
Canto a Ignacio Sánchez Mejías - 1935.
Seis poemas galegos - 1935.
Primeiras canções (1922) - 1936.
Poeta em Nueva York (1929-30) - 1940.
Divã do Tamarit - 1940.
Sonetos del Amor Oscuro - 1936
Prosa
Impressões e Paisagens - 1918
Desenhos (publicados em Madri) - 1949
Cartas aos Amigos - 1950
Teatro
Assim que passarem cinco anos - Lenda do tempo - 1931.
Retábulo de Don Cristóvão e D.Rosita - 1931.
Amores de Dom Perlimplim e Belisa em seu jardim" - 1926.
Mariana Piñeda - 1925.
Dona Rosinha, a solteira - 1927.
Bodas de Sangue (Trilogia) - 1933.
Yerma (Trilogia) - 1934.
A Casa de Bernarda Alba (Trilogia) - 1936.
Quimera - 1930.
El Publico - 1936

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