terça-feira, 19 de abril de 2011

O HORROR e a PÁSCOA

Quanto eu gostaria que os Educadores e Educadoras deste país, começando pelos pais e mães de Família, entendessem um singelo texto que escrevi anos atrás, intitulado "PASCOA À VISTA". Quarta-feira passada, uma jovem Animadora Cultural encerrou uma sessão de formação sobre o tema da Páscoa com essa pergunta: "Então, Cristo ressuscitou ou não?" Se Andreza e qualquer um dos seus e suas colegas conseguirem entender a essência do que eu quis transmitir, com certeza terão a resposta para a pergunta desafiante dela e talvez de mais gente, repito-a: "Então, Jesus ressuscitou ou não?"...


Para você aqui, eu gostaria de dizer o seguinte - espero que não se escandalize -: a Ressurreição não é um fato histórico! A Ressurreição de Cristo é a experiência histórica de um punhado de gente "daquele tempo" e de hoje, que acredita que valeu e que vale a pena Alguém ter dado, alguém dar a vida pela causa do Reino da Vida, da Justiça, da Fraternidade, da Felicidade, da PAZ. Seria um absurdo aceitar que a vida de Jesus e o sacrifício de sua vida terminaram na escuridão do túmulo, como é um absurdo aceitar simplesmente que a a morte foi o fim definitivo da vida de Gandhi, de Luther King, de Zumbi dos Palmares, de Camilo Torres, de Che Guevara, de Pe. Henrique, de Chico Mendes, de Santo Dias, de Margarida Alves, de Rosa de Luxemburgo, de Olga Prestes, de Tereza de Calcutá, de Francisco de Assis, de Oscar Romero, de Pe. Josimo, de Ir Dorothy e tantos outros e outras que cada um, cada uma poderá acrescentar... É uma questão de Fé, com certeza, mas desta fé que remove montanhas, as montanhas do egoísmo e da injustiça, do desamor e da cobiça, da acomodação e da indiferença.


Dou graças a Deus por poder participar de um Programa de Animação Cultural, essencialmente, uma tentativa de se cultivar esta Fé entre a juventude de nossas escolas. Para que não aconteçam coisas como essa que acaba de estarrecer o país. Quem era o tresloucado que matou as(os) doze adolescentes e feriu tantas(os) outras(os)?... Um ser humano solitário, desde nascença. E a solidão de 24 anos explodiu e fez todo esse horror. Ao longo de toda esta vida solitária, não apareceu ninguém que se aproximasse, que estivesse junto, que escutasse, que percebesse, que, em tempo, socorresse. Está aí o resultado trágico da insensibilidade humana. Não faltará quem lhe atire pedras, mesmo depois de ele morto. Quem fará o seu exame de consciência?... Quem olhará em torno de si, a começar de sua casa, para ver se tem alguém padecendo do maior de todos os males, a SOLIDÃO?... Quem se compadecerá dos solitários e solitárias que encontrará no seu caminho?... Quem terá tempo para os(as) escutar?...



Não é por nada que o Deus em eu acredito se chama EMMANUEL, isto é "Deus conosco". As bíblias hebraicas, em vez de "Senhor", traduzem a sigla hebraica YAWÉ por "O Eterno". Não o eterno da metafísica aristotélica ou escolástica, mas o ETERNO bíblico, isto é, aquele que está sempre presente, que nunca falta, o Companheiro de sempre, sobretudo das horas mais difíceis, que prioriza os abandonados de toda sorte. E esse ETERNO quer fazer-se presente através de cada um, de cada uma que nele crê... E fazer-se presente sobretudo e em primeiro lugar aos que mais precisam, aos sozinhos e abandonados da vida... E ele esteve ausente daquele louco atirador, porque não houve ninguém que se lhe fizesse presente. Se você não é Deus, Deus não age sem você. A Páscoa só acontece lá onde as pessoas se fazem presença do Deus que ama, que se compadece, que se solidariza, liberta e salva. Por isso eu creio em Jesus que morreu e ressuscitou! Eu creio na vitória do AMOR!

Recife, 8 de abril de 2011

Reginaldo Veloso, presbítero das CEBs
Assessor do MTC e do MAC
Assessor do Projeto de Animação Cultural da Secretaria Executiva de Educação de Jaboatão dos Guararapes PE

Leia PÁSCOA À VISTA

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