Sabe-se que Patrimônio Cultural é todo tipo de manifestação que representa um povo, de uma comunidade, que são reconhecidas através da sua referência cultural e histórica. Chamadas de festa caipira ou de quadrilha matuta, as quadrilhas juninas também estão inseridas no contexto que nos traz a concepção de Patrimônio Imaterial. Entendemos que a quadrilha junina tem esse referencial de expressivo valor para os brasileiros, principalmente aos nordestinos. Em Sergipe a maioria delas foi fundada há cerca de quarenta anos, sendo a Século XX uma das mais antigas, fundada em 1964, e outras com destaque não só na região, mas também em nível nacional, como é o caso da Unidos Em Asa Branca, provido do Conjunto Leite Neto, em Aracaju/Se. Teve vários nomes de 1980 até o seu registro em cartório em 09 de maio de 1986, sendo José Eloi Filho junto com outros amigos responsável pela fundação do grupo. Desde a sua fundação tem participado de todos os concursos de Quadrilhas Juninas realizados na Capital, sido campeã por várias vezes, ou sendo classificadas entre as 04 primeiras. Já se apresentou no programa da Hebe Camargo no SBT e já fez apresentações em vários estados como Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, São Paulo, Brasília etc.
No entanto, podendo um grupo ser reconhecido como Patrimônio Cultural, por sua representatividade cultural e referência histórica.
Pesquisas revelam que desde o século XIX, a quadrilha já era dançada no Brasil. Não existe uma grande preocupação sobre a preservação no que se refere a conservação dessa cultura tradicional (quadrilhas juninas) como um todo, porque é uma tradição fortíssima, pouco provável seu fim, e sim o distanciamento cada vez mais de sua originalidade. Lembrando que a sociedade está em constante mudança.
Já foi feito um trabalho de pesquisa com as quadrilhas em nosso Estado, sistematização de ação para apoio as quadrilhas, foi feita ficha de inscrição e visita de fiscalização aos locais dos ensaios (Dados obtidos por intermédio da publicação São João é Coisa Nossa, Série Memória – Vol II – Aracaju/SE, 1990).
Hoje existem quadrilhas estilizadas que se apresentam como uma nova forma de expressão junina. São grupos de danças que se organizam com formato diferente de quadrilha tradicional e, com coreografia própria. Os passos ensaiados e marcados previamente com um corpo de balé, executam números criados exclusivamente para determinadas músicas. Também apresentam diversos personagens, conhecidos popularmente: o cangaceiro Lampião, Maria Bonita, o cigano, a espanhola, etc. Como informa Célia Mota, Fabiana Pereira e Jorge Andrade. (São João em Sergipe). Em algumas cidades de Sergipe são realizados grandes campeonatos de quadrilhas, com prêmios e regulamentos que visam manter a tradição, dessa forma, valorizando e divulgando a mesma. (São João em Sergipe).
Originalmente as quadrilhas começam seus ensaios logo após o carnaval, algumas em outubro já iniciam os seus ensaios, fonte de pesquisa sobre os festejos juninos na Rua São João, Bairro Santo Antônio, em Aracaju/SE, relatado pela professora antropóloga Eufrásia Cristina da Universidade Federal de Sergipe, durante a sua palestra na I Semana de Educação Patrimonial organizado pelos alunos e professores do curso de história. A professora Eufrásia cita também sobre a perda das coreografias tradicionais, por conta das mudanças que ocorre na sociedade, novos repertórios sobre o homem urbano com novas representações durante as apresentações, perdendo um pouco da essência tradicionalíssima do caipira com os dentes pintados de preto como estivessem podres, etc. Comenta também pela necessidade de algumas quadrilhas sergipanas necessitarem de apoio para a sua continuidade. É uma das preocupações, se perderem por falta de incentivo, como subsídios para a manutenção da mesma.
Diante disso, enfatizo a importância de se valorizar essa cultura através de reconhecimento pelo poder público. Para a Cidade de Aracaju no que se refere ao patrimônio cultural imaterial como formas de expressão, vejo que as quadrilhas juninas é um referencial forte, por isso, servindo de representação como cultura identitária. Então, é uma grande razão para uma pesquisa através de inventario para as quadrilhas, que servirá como mapeamento, diagnóstico e posteriormente se fazer um estudo apontando um ou mais grupos para um reconhecimento da sociedade e oficialmente pela Prefeitura de Aracaju, dentro dos procedimentos técnicos para que se obtenha o título de Patrimônio Cultural Imaterial. Daí surge à necessidade de um diálogo com a sociedade, para que possa esclarecer o que leva uma cultura a ser contemplada e qual a razão para que uma ou outra receba esse tipo de homenagem.
Assim, perpetuando cada vez mais, colaborando para a manutenção da cultura popular tradicional da sociedade aracajuana e contribuindo para a memória do Estado de Sergipe.
MARCOS PAULO CARVALHO LIMA, Graduando em História pela UFS e Assessor Técnico da Coordenação de Preservação da Subsecretária de Estado do Patrimônio Histórico e Cultural
Fonte: Portal Divirta.se
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