segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O "jeitinho brasileiro" chegou à grande rede

08/08/2008 18:03:03

Daniel Pinheiro

Durante a apuração da reportagem O Brasil cai na rede, publicada na
edição 508 e que tenta explicar os impactos sociais e econômicos
produzidos por metade da populção brasileira a navegar na internet,
CartaCapital ouviu uma série de especialistas em diversas áreas
relacionadas à grande rede.


Alguns desses especialistas deram pistas sobre um fenômeno
interessante e bastante particular: a existência de um possível “jeito
brasileiro” de se navegar pela web.


Marcelo Coutinho, diretor de análise de mercado do Ibope Inteligência,
foi talvez a fonte mais enfática ao indicar uma apropriação e
transformação das tecnologias disponíveis na rede por parte dos
internautas brasileiros.

Para Coutinho, um estudioso das relações de interatividade entre
usuários de ferramentas da chamada Web 2.0 –blogs, redes sociais,
sites colaborativos, entre outros–, esse “jeito brasileiro” pode
colocar o Brasil em uma posição de vanguarda em alguns aspectos da rede.


Em entrevista concedida à CartaCapital, que transcorreu em clima de
conversa descontraída, Coutinho tenta explicar melhor o que significa
esse fenômeno da presença maciça do brasileiro na internet.

Conceito de internauta e a possibilidade de 50% dos brasileiros
estarem na rede

O que é internauta? é alguém que usa a internet uma vez a cada três
meses (definição de todas as pesquisas de quantidade de usuários), uma
vez na vida ou usa todo dia? Apenas 18% dos brasileiros, pela pesquisa
realizada pelo Comitê Gestor da Internet no fim de 2007, utilizam a
internet diariamente (entre a população de maiores de 10 anos de idade).

Temos que fazer uma série de discussões para chegarmos aos tais 50%
dos brasileiros usando a internet, mas já chegou a hora de pararmos de
pensar a internet como um fenômeno simplesmente numérico, e começarmos
a olhá-la como um fenômeno qualitativo e comportamental.

--- Barateamento do equipamento e fenômeno das lan houses:

Mas se seguirmos falando no fenômeno simplesmente numérico, o que
ocorreu nos últimos anos que explica esse crescimento é: redução
brutal do custo de acesso e redução brutal do custo do computador,
estimulada pela desvalorização do dólar. Exemplo prático é o preço de
um equipamento de entrada, básico em 2004, 2005, estava na faixa de 2
mil dólares. Hoje, esse mesmo equipamento custa cerca de 1.100, 1200
reais. Se esse fenômeno continuar, e o ritmo de crescimento o for
mantido, é possível que atinjamos os tais 50% de acesso à internet.

Qualquer que seja o instituto que você pegue, a internet no Brasil
cresce, e cresce em uma proporção impressionante. Aonde cresce o
acesso? Nas lan houses, e a lan house é um fenômeno de crescimento
tanto quanto é social. O acesso cresce baseado no barateamento dos
custos, o que possibilitou a muitas pessoas levarem o computador para
dentro de casa, mas mesmo aqueles que não conseguiram fazer isso, têm
a possibilidade de usar a lan house para acessar. Não existe um estudo
que determine o número de lan houses no Brasil, mas dá para afirmar,
baseado em pesquisa pessoal minha que em Heliópolis (bairro da
periferia de São Paulo, onde fica a maior favela da capital paulista)
são 19 lan houses em 2007.

Então há essa explosão de acessos em espaços públicos, mas que são
privados, muito por conta deste barateamento do equipamento. Agora
esse fenômeno vai continuar assim? Depende de uma série de fatores,
dos quais o mais determinante é a economia brasileira. Se ela
continuar como está, se existir renda para o jovem ter o dinheiro que
paga as horas usadas na lan house, ou então para os pais desses jovens
investirem dinheiro em uma prestação para comprar um equipamento em
parcelas, então esse crescimento explosivo continua.

--- O computador como eletrodoméstico:

O computador virou um eletrodoméstico. E isso por dois fatores: ele é
uma alternativa de lazer muito barata e muito atraente em um país que
carece de espaços públicos e gratuitos de lazer. É um clichê, mas a
conta e o exemplo são verdadeiros: se você for com uma namorada, uma
amiga, sair de casa, pegar um cinema e comer um lanche, vai gastar 10
reais do estacionamento, 30 dos ingressos e mais uns 40 na comida, vai
gastar 80 reais para uma diversa limitada, de algumas horas. Com esse
mesmo valor, você paga um mês de acesso à internet de banda larga
tranquilamente.

Com esse valor, você está no mundo, inclusive se relacionando.

O segundo ponto é a questão da segurança urbana. Se eu fosse um
adolescente nos anos 1970 e passasse a noite inteira na frente da
televisão, me chamariam de louco, meus pais me mandariam ir para a
rua, me divertir, conhecer pessoas.

Hoje em dia com todos os problemas de violência urbana, e esse é um
dado que não aparece só na sociedade brasileira, está presente de
maneira global, há uma tendência das pessoas se insularem, ou seja, as
pessoas cada vez mais circulam dentro de espaços privados, como a
casa, e nesse tipo de espaço o computador assume um papel cada vez
mais central, a ponto de ficar na área nobre da casa, que é a sala,
nos domicílios de menor renda.

Assim, o computador se torna um item de primeira necessidade em termos
de lazer, tanto mais na periferia, onde a falta desses espaços
públicos e a presença da violência urbana é ainda mais aguda.

--- A grande história da internet brasileira:

Então há o barateamento dos equipamentos, a ausência de espaços
públicos, a falta de segurança e essa nova posição do computador na
casa das pessoas e a variedade coisas que ele proporciona fazer nos
leva a um novo fenômeno, que é a transformação do equipamento em uma
máquina de relacionamento, de construir relacionamentos, com pessoas,
com empresas, com conteúdo.

E essa é que eu acho que é a grande história da internet brasileira.
Por quê? Porque em primeiro lugar o Brasil tem uma utilização de sites
de comunidades, basta ver como somos líderes em uma rede social como o
Orkut.

Então o brasileiro tem grande propensão a utilizar sites de
comunidade. Segundo dados do Ibope NetRatings, o brasileiro passa em
média cinco horas por mês em redes sociais, contra duas horas da média
mundial. As pessoas investem cada vez mais nesses relacionamentos
digitais –eu não gosto da palavra “virtual”, porque ela dá idéia de
que é algo menor que o real, e não é esse o caso— e em especial para
os jovens, esses espaços são tão importantes para construir
relacionamentos como o são os espaços “reais”.

Para a “geração y”, os jovens adultos de 18 a 25 anos, o mundo
digital, o relacionamento digital, é tão “real” quanto seus
correspondentes no “mundo real”.

O que vemos na internet brasileira não é apenas a explosão do uso, mas
um tipo de uso que é muito particular e diferente do que havia antes.

E é esse uso que nos faz parar para pensar se os tais 50% são a grande
história da internet brasileira. Porque isso não é inédito, já
aconteceu nos Estados Unidos e em todos países em que a internet já é
um meio de comunicação de massa.

E eu acho que temos um fenômeno quantativamente igual, mas
qualitativamente muito diferente. E isso tem implicações profundas na
sociabilidade das pessoas, no mundo da política e também nas empresas.
E isso tanto na questão da imagem das empresas e como elas se
comunicam com o mundo, com a imprensa.

Na verdade, a internet no Brasil explodiu quantativamente em um
período em que a própria rede estava sofrendo mudanças de paradigma.
Quando a internet começou a ser explorada comercialmente, em meados
dos anos 1990, ela era basicamente o modelo broadcast, uma emissão de
uma revista, de um jornal, para falar diversas pessoas. E a mudança de
paradigma da internet é a passagem do modelo broadcast para um modelo
que eu chamo de socialcast.

O que é o paradigma do socialcast? É a interação de conteúdos, são os
11% de internautas postando comentários em notícias que estão na
pesquisa Datafolha/F/ Nazca, que eram apenas 3% em 2007.

No Brasil começa a se desenhar a possibilidade de consolidação de um
novo modelo de internet, não é o caso de liderar a onda, porque não
temos o domínio da tecnologia, mas temos a apropriação social das
tecnologias, e isso chama a atenção de empresas no mundo inteiro.

Um exemplo dessa apropriação é o que sofreu a Volkswagem aqui no
Brasil (com o caso do banco rebatível do Fox, que poderia provocar
cortes graves nas mãos de quem o operasse). Digite “Fox o carro
assassino” no YouTube e veja o que há? Uma reunião de comerciais de
televisão, reportagens, pronunciamentos de porta-vozes da empresa,
esculhambando a Volkswagen. E são 500 mil visualizações, em uma
montagem que juntou todas as propagandas e os investimentos em
marketing da montadora de milhões e milhões de reais, que acabam todos
publicados na rede, combinados em uma máquina com programas gratuitos
e que não custou mais do que, digamos, dois mil reais.

Esse é o fenômeno socialcast, que tem impactos sociais,
comportamentais, mas principalmente, e isso é que acaba fazendo a
diferença, econômicos. Pesa no bolso da gigante a iniciativa do pequeno.

--- Senso de comunidade e herança da “latinidade”:

E aí começamos a entrar novamente na questão das comunidades, e para
exemplificar isso, esse senso de comunidade do internauta brasileiro,
mais uma vez apelo para uma pesquisa do Ibope/NetRatings, divulgada em
janeiro de 2008 e que trata da porcentagem de usuários residenciais
que participam de sites de comunidades, e o Brasil é o líder, com 78,4%.

E tirando o Japão, que é a exceção que confirma a regra e tem 73,7% na
segunda posição, são países latinos que completam os cinco primeiros,
pela ordem: França (62,9%), Itália (62,7%) e Espanha (59,9%).

E os países anglo-saxões estão na parte de baixo da tabela: Reino
Unido (57,7%), Estados Unidos (57,3%), Austrália (53,2%), Suíça
(38,9%) e Alemanha (35%).

Perceba como essa informação é peculiar: estamos falando da vanguarda
da internet, o uso de redes sociais, um baluarte da chamada Web 2.0 e
acabamos reproduzindo um estereótipo velhíssimo, o da sociabilidade
dos latinos, aquela coisa gregária, de aproximação, de menos
formalidade, oposto à suposta frieza dos anglo-saxões. Estamos
reproduzindo no século XXI um conceito que vem de centenas de anos.

Por isso que eu te digo que temos aqui um modelo peculiar de usar a
internet, que confirma esse mito da sociabilidade latina. Não é o caso
de se empolgar com essa herança histórica, já que existem outras
variáveis muito importantes para a criação deste que pode ser um jeito
brasileiro de usar a internet, como o barateamento dos equipamentos, a
questão da violência urbana. Mas é inegável que todos esses fatores
estão construindo um jeito brasileiro de acessar a internet, e que já
está chamando a atenção de outros países.

--- A tecnologia como arma:

É fácil medir o impacto desse jeito comunitário do brasileiro usar a
internet e suas ferramentas, de aproveitar o tal do mashup –que é a
combinação de diversas fontes de informação para recriar um conteúdo,
como no exemplo do Fox. Vejamos o caso do Ronaldo Fenômeno. Bastou um
travesti equipado de um telefone celular fazer um pequeno vídeo com o
Ronaldo na frente do motel e subir para o YouTube que passou a ser
muito visualizado. Ótimo, já seria um exemplo emblemático, mas vamos
além.

A Rede Bandeirantes pega estas imagens que estão no YouTube e as exibe
em sua reportagem colocando o crédito lá no gerador de caracteres:
“Conteúdo retirado do YouTube”. Quer dizer, uma empresa de comunicação
de grande porte, com orçamento de milhões e mais milhões de reais para
o seu jornalismo acaba tendo que apelar para o material produzido por
um celular que custou, não sei, 300 ou 400 reais?

Pára por aí? Não, não pára. Porque alguém gravou essa reportagem da
Bandeirantes para o meio digital e fez o quê? Jogou no YouTube
novamente! E essa reportagem da tevê, que teve de valer-se de conteúdo
produzido pelo travesti que estava lá no momento crucial da história,
foi parar lá no YouTube, apropriada por um outro internauta. E esse
vídeo teve mais de 400 mil visualizações. Dá para afirmar que são mais
de 400 mil pessoas que o assistiram? Não, mas dá para afirmar que não
é muito menos que isso.

E é o que me faz afirmar que essa maneira comunitária, colaborativa do
brasileiro de usar a rede é a “grande história” da internet no País.
Mais uma vez: quantativamente, o fenômeno é impressionante, mas é no
qualitativo que ele pode fazer a diferença.

Outra lição fundamental que esse episódio dá para políticos, para o
mundo dos negócios, para empresas de notícias: o celular virou uma arma.

--- Começo do fim da “era dos discursos” e a mudança do “líder de
opinião”:


Nós estamos vendo o começo do fim da era dos discursos, e isso passa
muito pelo o que fazem atualmente na imprensa de “papel”. Eu, como
professor na pós-gradução, também sofro com isso, venho com uma aula
preparada, com um discurso preparado, para transmitir aos alunos. Isso
daria certo 5, 10 anos atrás.

Hoje em dia, eu começo a falar sobre um assunto, apresento dados e os
alunos começam a me confrontar, “não é bem assim professor, esses
dados que você está citando foram atualizados ontem, eu li em um blog,
e os seus já não fazem sentido”.

Neste exato momento, o poder econômico, o poder intelectual, o poder
da imprensa tradicional, estão em cheque com a Web 2.0. Se essa
revolução que alguns chamam de sociedade informacional vai abalar
mesmo essas instituições tradicionais, eu não sei te responder, ainda
estamos no campo das hipóteses.
Quanto à questão específica da imprensa, dessa discussão sobre o fim
do papel, do suporte físico, eu acredito que isso não vai acontecer
tão cedo, e talvez nunca aconteça.

O que eu tenho mais certeza que está mais perto do fim é o atual
modelo das publicações de papel, que dependem desse formato
“imobiliário”, de venda de espaços publicitários –você já parou para
pensar que é isso que jornais e revistas fazem, vender quadradinhos do
seu “latifúndio”?

Outra discussão que a Web 2.0 traz é a questão de medir qual é a
relevância de um determinado site na internet, seja ele um portal de
notícias, um blog, um perfil em uma rede social. Não adianta, a
audiência já ficou para trás, ela não é mais tão relevante assim, é
querer medir o novo com a régua antiga, da publicidade massificada, de
quantidade.

É muito mais importante medir a influência que tem uma determinada
notícia, um determinado post, uma determinada comunidade em uma rede
social. Na minha opinião, é muito mais significativo ver o numero de
replies, de quantas vezes este conteúdo foi reproduzido em outros
sites, em outros blogs, em outras comunidades.

Em quem você acreditaria mais na hora de pedir informação para, por
exemplo, comprar um carro? No seu amigo que é completamente fanático
por carros, que lê tudo sobre o assunto, compra todas as revistas,
consulta várias fontes ou na propaganda que você viu no caderno de
classificados? Eu vou ouvir o meu amigo. Acho que muita gente fará o
mesmo. E se calhar desse seu amigo ter um blog, onde ele fala sobre
esse assunto? Você vai desconsiderá- lo por ser um “blog”? Não acredito.

Vamos mais além ainda: e se ele for um amigo que você só conhece por
meio digital? Vai dar menos valor à opinião dele? Mais uma vez, eu não
daria menos valor. E é aí que o tema se interliga novamente, voltamos
à história de sociabilidade de construir relacionamentos digitais que
tem o mesmo peso que os “reais”.

E aí tocamos em outra questão que tangencia as mudanças da Web 2.0: o
líder de opinião terá outro perfil.

No modelo antigo, o modelo de líder de opinião era o que eu sou para
você hoje nesta entrevista. Você me procurou porque sabe que trabalho
em uma empresa grande, tenho exposição na mídia, estudei sobre o
assunto que você quer falar, você me reconhece como uma referência. E
veja, no mundo analógico, era a tendência que esse líder fosse uma
pessoa com todas essas referências, porque era caro ter a opinião de
um outro “especialista” .

Você teria que se deslocar para falar com essa pessoa, você teria que
procurá-la, ver se ela existia. Teria que pagar o custo de se
alimentar de informação relevante, seja em jornal, revista,
congressos, cursos, o que seja.

Agora não. Agora o seu amigo, aquele que sabe tudo de carros, tem
milhares de fontes digitais e gratuitas para se informar. E se ele
souber processar essas toneladas de informação e oferecer para os
outros uma opinião relevante e jogar isso na internet, ele se tornará
um líder de opinião, muito mais próximos para milhões de pessoas do
que, por exemplo, eu para você nesta entrevista.

--- Impactos reais da maneira brasileira de usar a rede na economia:

Eu não vejo essa maneira brasileira, colaborativa, conseguir mudar a
economia em um curto prazo. Aliás, as próprias matérias que lemos em
revistas de economia, de economistas respeitados, pode-se ver que a
vocação do nosso País ser é um grande produtor de commodities.

Agora, a gente pode, claramente, ter alguns ganhos em outros setores
de uma forma surpreendente. Você ver que a economia brasileira em dez
anos, em quinze anos, será uma economia tecnologizada, que o setor
informacional vai ter na economia brasileira a importância que tem,
por exemplo, na economia da Califórnia? Isso não.

Repito: a grande vocação do País é para commodities, beneficiamento de
commodities e algumas ilhas de excelência, Embraer, equipamento de
perfuração de poço de petróleo em profundidade, etc. e tal. Sem
dúvida, teremos ilhas de excelência em internet, internet 2.0,
software... Já temos isso. Agora, que isso vá transformar a economia
brasileira? Não vejo isso acontecendo num espaço de pelo menos uma ou
duas décadas. Não vejo isso acontecer. Acho que podemos ter aqui
centros de excelência de produção de games, coisas localizadas.

Você pode ter essa evolução localizada, em alguns pólos muito
específicos, no eixo Campinas–São Paulo, alguma coisa assim. Não na
economia como um todo.

--- O peso do investimento que o governo terá que fazer na educação:

O governo tem que investir na educação tecnológica, é claro, isso é
possível, deve ser feito até para manter o status quo.

Claro que não seremos vanguarda, não há condições pra isso, não
conseguiremos, no estado que estamos, avançar mais que os demais
países, mas pelo menos este investimento daria capacidade da gente se
manter pari passo com eles.

Há um comparativo falso que as pessoas fazem quando se fala sobre
educação. Todo mundo fala: “a Coréia fez uma evolução na educação”.
Mas a Coréia tem quantos habitantes, qual o tamanho do País? Você
estende 400 km de fibra ótica e conectou a Coréia inteira. E aqui, se
você estender 400 km de fio vai conectar o que a quê?

Um nível de investimento desse tipo não acontece de uma hora para a
outra, ainda mais em um país com as dimensões e a quantidade de
habitantes do Brasil. E há um princípio básico: quanto maior a
inércia, ou seja, quanto maior a massa que você vem carregando, mais
difícil de uma mudança acontecer.

--- Benefícios no uso predominantemente recreacional que os jovens
fazem:


Há muitos benefícios, claro, sem dúvida nenhuma. Até no uso 100%
recreacional. O carinha que vai fazer seu perfil no Orkut, depois joga
Counter Strike e passa a tarde toda “zoando” no MSN. Essas
possibilidades todas de “zoar” dão a essas pessoas a chance de entrar
em contato com outros modos de vida e outras formas de conhecimento
que elas jamais teriam fora desse espaço.

Mas se você falasse para mim: “ah, vamos tirar as crianças das lan
houses e colocá-las numa escola modelo com oito horas por dia”. Aí
sim, vamos tirar da lan house no mesmo momento. Mas para colocá-las
onde? Na frente da TV? Não vejo vantagem.

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