* Emanuel Rocha
Sete vezes mais potente que a cocaína, o crack pode viciar na primeira dose. É a droga mais consumida nas periferias, por ter um baixo custo, cada unidade custa em média R$ 10,00. O crack é um derivado da pasta base da cocaína, que por sua vez é um sintético do extrato da folha da planta de coca. Essa não tem efeitos alucinógenos quando consumida in natura, como fazem milenarmente os índios em toda a América Latina. Porém, o crack por ser o resultante da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, também sendo conhecido como lixo da cocaína, é um subproduto desta, sendo consumido em grãos que são fumados em cachimbos. Seus efeitos duram menos por ser, como já dito, subproduto diluído em outros produtos químicos, e mais agressivo e mais estimulante, ocasiona dependência físico-química e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco. Essa droga é comercializada sob a forma de pedras brancas ou amareladas ou ainda bolinhas semelhantes a grãos de chumbo (125 ou 300 miligramas).
O crack surgiu na década de 80, nos guetos pobres da cidade de Nova York ( EUA) e chegou ao Brasil, apostando na cidade de São Paulo, no início dos anos 90. De lá para cá, o consumo cresceu numa escalada vertiginosa e hoje já é considerado como epidemia pelas autoridades policiais e de saúde pública.
Tão apavorante, quanto à velocidade com que o consumo de crack vem crescendo, é a rápida dependência que ele provoca. Os primeiros efeitos aparecem como uma euforia plena que desaparece repentinamente, depois de um curto espaço de tempo, sendo seguida por uma grande e profunda depressão. E por causa dessa rapidez dos efeitos, o usuário consome novas doses para voltar a sentir aquela euforia experimentada e para sair do estado depressivo. Alem disso, o crack também provoca hiperatividade, insônia, perda da sensação de cansaço, perda de apetite e conseqüente perda de peso e desnutrição. Com o tempo e uso constante da droga, aparecem um cansaço intenso, uma forte depressão e desinteresse sexual.
Pois é, esse flagelo se instalou no bairro América. Sentimo-nos impotentes em ver nossos jovens e crianças nesta situação degradante, muitas mães já não sabem o que fazer: "estou de mãos atadas, tenho que esconder tudo o que tenho de valor para que meu filho não pegue para vender e comprar Crack pra fumar, ele esta se acabando, vai morrer logo". Essa é uma declaração, como tantas outras que escutei de mães em desespero por causa desta droga, que toma conta da comunidade. Não é difícil ver jovens e crianças fumando a droga em varias partes do bairro, alguns logradouros são mais visíveis, como a Rua Groenlândia, Maria Pureza dos Santos, entre Av. Brasil e Osvaldo Sampaio, e o mais incrível!, na praça Tancredo Neves, onde a 50 metros está localizado um posto da polícia militar, antiga Policia Comunitária.
Este ano o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 18 anos. Assim, perguntamos: onde estão os órgãos de proteção à criança e o adolescente que não aparecem para fazer um trabalho sério com esses jovens? Ou é necessário esperar que mais vidas sejam ceifadas. "É melhor prevenir do que remediar!".
Por isso, precisamos juntos, população, órgãos públicos e sociedade civil organizada, fazer algo urgente, para que vidas sejam salvas ou recuperadas e para que não seja necessário punir o homem se podemos educar as crianças, como dizia o filosofo Sócrates.
Emanuel Rocha è membro da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro América (AMABA) e graduando em História.
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