SEGUNDO e ULTIMO COMUNICADO do FSM-2009
ALDEIA DE PAZ na UFRA: Território livre no FSM-Belem-2009
Por Coyote Alberto Ruz
Arte Fazenda Renascer
Vila de Apeú-Castanhals-PA
Desde um sitio na Amazônia.
Brasil
13/02/09
O dia 23 de Janeiro, todos os 200 moradores da Aldeia da Paz, aqui no Centro Agroecológico Iara da Universidade Rural Amazônica, vestidos com nossos melhores cores, nos reunimos em torno do fogo central, um espaço sagrado preparado com muito cuidado e amor, pelos principais guardiões dele: Ninguém Marcos e Verônica, com o apoio incondicional do grupo de guerreir@s que assumiram esse compromisso.
Saímos da cozinha comunal em precessão, levando as brasas do fogo familiar, mantido desde princípios de Janeiro pelos irmãozinhos Variña e José de Chile, para ascender o novo fogo social-espiritual das tribos, entre cantos e passos de danças ancestrais que retomamos hoje, para criar nossa nova cultura, com vozes, melodias, coros e ritmos provenientes de todos os cantos da Pachamama.
Com oferendas de chocolate, tabaco, rom, açúcar, farinha de milho, copal, flores, nosso irmão Mark, neo-xama das tribos celtico-maias de Inglaterra, invocou cada um dos 20 dias, forças, energias, naguales do calendário quiche de Guatemala, acompanhado dos caracoles, tambores, maracás, rezados e das pregarias de tod@s os presentes.
Os flashes das câmaras, tanto nossas como da imprensa, nacional e internacional, cobria nossa historia, já que o fogo da Aldeia da Paz, ascendido no dia 23, marcou o inicio espiritual do Fórum Social Mundial, como já foi feito nos fóruns dos anos anteriores. Algumas dessas fotos compareceram na capa dos jornais e revistas de Belem, em destaque, como antecedentes do que adviria poços dias depois, o dia 27, com a apertura oficial do FSM.
A partir do dia 23, começaram a chegar mais e mais peregrinos a nossa Aldeia. Os bairros surgiram ao longo das trilhas, equipes de trabalho de voluntários não paravam de martelar, cravar, cortar, limpar, capinar, construir, ao longo do dia inteiro, parando só para as rodas das três refeições que asseguramos cada dia, graças às contribuições diárias do pessoal ao “chapéu mágico” e algumas doações institucionais, alem da sopa que o Ceasa nos oferecia cada noite na janta. Cada roda, novos cantos e novas danças, avisos, demanda de voluntários nos grupos de trabalho para participar nas tarefas prioritárias, e informação das necessárias lesões diárias de educação ambiental e comunitária, para aqueles que por primeira vez compareciam numa experiência como esta.
Os chuveiros foram construídos, mais a água tardou vários dias em chegar, conseguimos ter energia elétrica, no ônibus Mazorca da Caravana, que voltou o Centro de Comunicações para toda Aldeia até que uma equipe conseguiu recuperar um espaço abandonado do Centro agroecológico Iara, destinado a piscicultura, e construir aí nossa produtora cooperativa de audiovisuais, videoclipes, estudo de gravação e centro de comunicações graças ao grande apoio que os irmãos argentinos Celeste e Damian, de Redfugios, deram a nosso gênio Pedro Jatobá e dias depois, chegou a turma de Olinda que instalou a “Radio Inter-Galáctica Livre” na Aldeia, (FM 88.1) que funcionou as 24 horas do dia ate o 1º de fevereiro com musica, entrevistas, anúncios, informações relevantes a nossos diferentes trabalhos e ao que acontecia no Fórum e no mundo nesses dias históricos.
Para alguns de nos, o FSM foi somente à escusa para a uma vez mais tentar a experiência da construção, sustentação e funcionamento de uma Aldeia Temporal da Paz, e oferecer esta vivencia aos que chegassem, a visitassem e a deram a conhecer a traves dos meios de comunicação e informação. Para outros, foi um espaço seguro para curtir, tanto do que acontecia dia a dia na Aldeia, como das muitas outras programações simultâneas no resto da UFRA, da UFPA e dos outros fóruns e palcos onde mais de 2.500 atividades foram realizadas nesses poucos dias.
E para outros, os “churunimas,” uma base perfeita desde onde operar para vender seus artesanatos, ter um refeitório gratuito para comer três vezes ao dia sem contribuir no chapéu mágico, sem trabalhar, sem responsabiliza-se pelo funcionamento da Aldeia. Dormindo no dia nas redes, fumando maconha, tocando um tambor, esperando as rodas de informações acontecer, sem participar, para correr a fila e pegar duas vezes alimentos, e sair às noites para vender, beber cerveja e continuar fumando. E mesmo, alguns deles, para se queixar da quantidade de alimentos recebida, da variedade do cardápio, dos erros e da falta de “organização,” d@s “lideres” e da estrutura “rígida” que não permitia beber álcool o consumo de drogas, alimentos animais, nem introduzir produtos transgénicos no acampamento. Os chupa-sangues de sempre.
Em quanto ao Coyote, somente sai da Aldeia quatro vezes nos vinte dias que permaneçamos no seu território de apenas três hectares que nos foi emprestado pelo grupo IARA formado pelos agro-ecologistas da UFRA. A primeira foi o dia 27 Janeiro, junto com arredor de trezentas cinqüenta pessoas, para participar na passeata de apertura do FSM pelas ruas de Belem, junto aos representantes dos movimentos sociais, etnias, jovens e indivíduos do mundo inteiro. As chifras oficiais e da imprensa dessa inédita marcha-político-carnavalesca, foi de cem mil participantes, todos fomos banhados pelas torrenciais chuvas amazônicas, uma verdadeira cachoeira caindo do céu para batizar-nos todos e todas, e finalmente fomos alegrados com um lindo arcoiris iluminando a cidade no momento que as águas pararam no meio da grande e colorida caminhada.
Nossa tribo de guerreiros e guerreiras da paz, entoando juntos: “Forças da Paz, cresçam sempre mais e mais, que reine a paz e acabem as fronteiras, nos somos um...” e “Amor, amor, amor, a mensagem e o amor, ama teu próximo como a te mesmo, ele é amor...” foi significativamente à tribo com maior diversidade étnica, já que na Aldeia tínhamos pessoas de trinta nacionalidades e diversas nações sem estado, especialmente dos povos hispânicos: bascos, catalãs, canários, malaguenhos, etc.
A alegria, a beleza de nosso povo, o colorido de nossas bandeiras, a variedade de nossas vestimentas e de nossas peles foi também o foco das câmaras de vídeo, da imprensa nacional e internacional, e dos milhares de participantes que ficaram atraídos pela energia desorbitante, pelas mensagens, e pela diferença de muitas das outras turmas que focaram seus mensagens mais na protesta, as reivindicações, as denuncias, quando os aldeianos falávamos só de paz e amor, como nos “anos sessentas”.
Um dos jornais de Belem lembrou uma canção de Caetano Veloso dos anos 80 que dizia: “apaches, punks, existencialistas, hippies, hippies de todos os tempos, uni-vos” um chamado que 20 anos depois foi atendido nessa tarde inesquecível, nessa marcha e cerimônia de unificação que durou até a noite, na praça da Republica, sitio onde nos, os moradores da Aldeia fizemos uma roda sentados na rua, e concluímos nossa caminhada com um ritual ecumênico com a presença e as palavras e cantos de dirigentes espirituais de vários continentes.
Com cem mil pessoas procurando voltar a seus alojamentos, delas mais de 15.000 jovens ao Acampamento da Juventude no campus da UFRA, foi para nossa tribo praticamente impossível pegar ônibus nessa hora, então decidimos, depois de ter caminhado das três da tarde as nove da noite, de voltar a nossa Aldeia a pé, atravessando um dos bairros que os moradores de Belem consideram o “mais perigoso da cidade.” Alguns destes companheiros locais nos aconselharam de não tentá-lo, mais nos, responsáveis da articulação e segurança da Aldeia, achamos que era uma ótima idéia, e com nossas bandeiras coloridas ao frente retomamos a estrada e tivemos uma maravilhosa experiência e linda acolhida da parte dos moradores do bairro que nos enviavam beijos e nos davam as boas noites e a bem-vinda a sua cidade.
A segunda vez que sai da UFRA, foi na tarde do dia 29, data ficada para o encontro dos cinco presidentes participantes no Fórum: Lula do Brasil, Hugo Chávez da Venezuela, Rafael Correa do Equador, Evo Morales da Bolívia e Fernando Lugo do Paraguai. A hora marcada para as apresentações seria as sete da noite, mais desde a uma da tarde, diante as portas de ingresso do gigantesco hangar onde aconteceria o histórico encontro tinha uma fila de centeias, milhares de pessoas aguardando.
Verônica e eu chegamos ao sitio perto das seis, e depois de uma espera de menos de meia hora, conseguimos entrar com nossas identificações de equipe de APOIO do Acampamento da Juventude, uma carta que foi entregue exclusivamente, depois de vários dias de árduas negociações com a turma do Comitê Organizador, aos voluntários que participamos na construção da Aldeia da Paz.
De essa maneira logramos testemunhar pessoalmente os discursos desses cinco presidentes, que nessa noite histórica afirmaram que suas eleições e cargos eram o resultado, tanto da mobilização dos movimentos sociais de seus paises como da mobilização da sociedade civil planetária organizada, presente nesse momento no Fórum Social Mundial de Belem do Pará, como também nos Fóruns dos anos anteriores.
A presença de um sindicalista brasileiro, um ex-sacerdote paraguaio membro do movimento da Teologia da Libertação, um índio cocalero dos Andes, um militar socialista venezuelano, discípulo de Fidel Castro Ruz, procurando construir uma América bolívariana, e de um carismático economista equatoriano puxando o novo “socialismo mágico do século XXI,” todos eles presidentes eleitos democraticamente nos seus paises, a maior parte nesta primeira década, são sem duvida indicadores de um giro importante na historia Latino-americana.
Fico atrás a década das ditaduras e das juntas militares dos anos 60s até os 80´s, os governos neoliberais, transnacionais e globalistas dos 90´s, e estamos agora na primeira década do século e do Milênio, o tempo dos governos populares, liberais e neo-socialistas, desde Centro América até a Patagônia, e agora, com a eleição de Obama Baraka e sua pose e primeiros passos na Casa Branca de Washington, que tive lugar no dia 20 Janeiro, no momento que estávamos construindo a Aldeia da Paz, pela primeira vez com um chefe de estado afrodescendente na capital do Império.
Algo significativo esta acontecendo no mundo, e mesmo si as mudanças não são tão radicais como muitos de nos sonhamos, não podemos perder a perspectiva e ficar cegos ante essa mudança fundamental, que nos permite agora, nesta década, nos reunirem em paz, milhares de ativistas, altermundistas, globalofóbicos, provenientes de mais de 150 paises, nos, os construtores de “um outro mundo possível,” não só com o apoio dos governos locais e federais, mais com a presença dos máximos dirigentes de varias nações sudamericanas irmãs.
Sim, sem duvida que um novo tecido se esta tecendo nas Américas, e a prova de que esse tecido tem cada dia mis força é que precisamente, no outro lado do mundo, estava acontecendo nesses mesmos dias, do 28 ao dia 1º, o Fórum Econômico Mundial de Davos, e assim como em Belem todo era festa, alegria, juventude, otimismo, unificação, celebração da união dos movimentos sociais do planeta inteiro, em Davos, Suíça, todo era fala de crise, de valores, de ética, de mercados, num clima de grande pessimismo e de mostras evidentes e explicitas do Sistema Global da incapacidade de sair do colapso provocado por esse mesmo sistema econômico hegemônico que impera no planeta. Só agora, tarde de mais, se escutaram e expressaram os gritos e lamentos dos dirigentes e banqueiros dos paises ricos, por não ter escutado as múltiplas advertências, e ter mantido e sustenido a todo custo, os dogmas do capitalismo selvagem.
Com a crença de que seria possível tentar de continuar crescendo de “forma insustentável” pensando que “todo ficaria sempre igual..”, nas palavras do economista Klaus Schwab, considerado um dos padres do neoliberalismo, pioneiro da globalização e o criador do Fórum Econômico de Davos. Sua chamada neste encontro foi que “sendo todos responsáveis pela crise, agora à comunidade financeira internacional teria que se responsabiliza também para encontrar uma solução para sair dela...”
Em Suíça se reuniram os ministros de finanças e presidentes dos bancos centrais de mais de 40 paises, procurando soluções para “salvar o capitalismo” com “novas regras onde não só sejam favorecidos os mais prósperos..” E, significativamente, somente dois presidentes latino-americanos estiveram ai presentes: Felipe Calderón do México, e Álvaro Uribe da Colômbia, os últimos representantes dos partidos conservadores, neoliberais no continente, associados estreitamente às políticas econômicas e militares do, agora ex-presidente George Bush.
Em Belem nos reunimos mais de 135.000 pessoas de 142 paises: índios, quilombolos, gays, punks, neo-hippies, ativistas, militantes, lideres de opinião, artistas, membros da imprensa alternativa, representantes de milhares de organizações do planeta, com uma programação oficial de 2.500 atividades prepositivas e 2.300 mais autogestionadas, para tentar de juntar nossas vocês, nossas propostas, nossos projetos de vida, e no caso de nos, os moradores da Aldeia da Paz, para criar um espaço onde muitas dessas propostas pudessem ser vivenciadas.
Onde não tivéssemos que falar tanto mais conseguíssemos manifestar que esse “outro mundo”, não só e possível, não só é necessário como falou Hugo Chavez no seu discurso, mais onde esse mundo não fosse mais um mundo ideal, senão um mundo real, com todos os desafios que isso implica.
Pequeno, rústico, humilde, construído em um 90 % com matérias recicladas o pegados no lixo, com escasso apoio institucional, construído por nos mesmos em grupos de trabalho voluntário, oferecendo os serviços da Aldeia, não só para seus moradores, mais também para todos os milhares de visitantes que passaram nesses dias pela Aldeia.
Nos dia pico do Fórum, de acordo a nosso censo de cada manha, éramos perto de 800 pessoas, acampando na lama, em 500 barracas, organizados em bairros, com nossa própria equipe de segurança e recepção, com os grupos de limpeza e manutenção das trilhas e dos banheiros secos, da composta e da reciclagem, os terapeutas e sanadores ao cargo da saúde integral de nosso povo, nossa própria programação artístico-cultural, produtora independente, radio comunitária, nossas oficinas praticas de permacultura, saúde, espiritualidade feminina, fogueira central e espiritualidade ecumênica, desenho de ecovilas, as abelhinhas mães e tias, cuidando de nosso espaço de crianças e a preparação de nossas três refeições vegetarianas gratuitas cada dia.
A terceira ocasião que sai da Aldeia, foi numa luxuosa ambulância do corpo dos bombeiros, para fazer uma serie de tomas de raios X de meus pulmões e uma mostra de minha sangue numa unidade móbile de saúde, dentro da mesma UFRA, porque com 15 dias morando na lama, pegando chuva dia e noite, ficando acordado das 6:30 am ate as 2:00 da madrugada, correndo de um sitio ao outro, acabei empiorando uma sinusite crônica que arrasto asse três anos, e que dadas às condições em que me encontrava, me obrigou a parar um dia em cama, e a pegar antibióticos pela seguinte semana.
Sim, uma noite sai também um par de horas com meu velho compadre Tullio Marques, de BH, para dar uma olhada nos outros acampamentos da juventude dentro da UFRA. Atravessamos uma confusão danada de milhares de pessoas, de centeias de postos de venda de comida, cerveja, cachaça, artesanatos amazônicos e de todas as Américas, camisetas, pôsteres, cartazes com fotos e frases de todos os heróis revolucionários do continente, bandeiras, CD´s, DVD´s, maconha, refrigerantes, caminhando entre montanhas de lixo, barulho de dúzias de equipamentos de som, no meio de numa nove de fumaça alucinante.
Saindo de lá, seguindo uma massa de pessoas que se encaminhava na mesma direção, acabamos ficando parados diante um gigantesco palco, onde uma banda de rock pesado se estava apresentando, acompanhados por um fundo psicodélico de luzes e um milhão de decibéis, ante uma turma que bebia e fumava em grupos, em tanto que alguns deles dançavam, a maior parte sozinhos. O ritmo hipnótico e a tecnologia de ponta conseguiam que todos ficáramos atrapalhados como moscas ante seu espetáculo. Ai consegui apenas ficar 15 minutos, e voltei de novo para a Aldeia. Já tinha suficiente como experiência, para saber o que era o resto do Acampamento da Juventude.
Foi por isso que não fiquei estranhado quando Eduardo, da segurança nacional, responsável da seguridade de todo o Acampamento Intercontinental da Juventude, chefe dos 250 bombeiros , os membros da segurança da mesma UFRA, o pessoal das imprensas locais como Josué Costa do O Liberal, e outros da imprensa nacional e internacional, durante e ao final do Fórum falaram para nos: “A Aldeia da Paz foi à menina de nossos olhos...Foi o acampamento mais limpo, organizado, com a maior e melhor energia de todo o encontro...Ficamos muito agradecidos pelo trabalho, e com muita saudade de todos vocês...Voltem sempre....”
Nas capas dos dois principais jornais de Belem, “Diário do Para” e “O Liberal”, os dias 20, 24, 25, 27 janeiro e o 01 fevereiro, compareceram em destaque as fotografias a cores das crianças da Caravana, de nosso acampamento e de nossos ônibus, e fotos da fogueira central no dia da apertura cerimonial da Aldeia, alem de varias matérias e entrevistas feitas a vários membros da Aldeia e da Caravana.
Um vídeo-clip de 2¨ editado na nossa Cooperativa de Comunicações da Aldeia, foi solicitado e incluído num documentário da TV Brasil sobre o FSM, que rolou a nível nacional, e enumerais entrevistas e gravações foram feitas sobre a vida em nossa eco-comunidade tribal alternativa, no meio da mata amazônica e do FSM, para dúzias de jornalistas, documentaristas, profissionais, amadores, visitantes, do Brasil e de outros paises do mundo.
A intenção de que a Aldeia fosse uma janela aberta para mostrar o que somos, o que estamos já construindo, no só no marco do FSM mais em nossas varias biorregiões, foi amplamente comprido. Ao nível interno com os participantes, muitos dos quais participavam numa experiência similar pela primeira vez em suas vidas, para os visitantes de Belem e do mundo , para os representantes dos diversos movimentos sociais que passaram pela Aldeia, para os meios de comunicação, organizadores e membros da UFRA , e finalmente para o mesmo Comitê Internacional do FSM, que reconheceu oficialmente a Aldeia da Paz como um dos movimentos sociais que faraó parte do comitê organizador dos próximos Fórums.
E mais importante a nossos mesmos olhos, nos que fizemos parte deste sonho desde muitos anos atrás, quando iniciamos a levantar Aldeias da Paz, primeiro em México, e depois com a Caravana Arcoiris, em Centro América, e em vários paises do sul do continente. Como não lembrar agora da primeira Aldeia de Paz Sudamericana, em Santa Elena, Medellín, Colômbia, no meio de um pais em guerra civil desde os anos 1950´s.
E mais tarde uma outra Aldeia numa comunidade indígena Pemón, na Grande Savana venezuelana, e outra na região de Titiribi, também na Colômbia, a poços kms de um acampamento dos paramilitares mais perigosos do pais.
E a Aldeia da Paz para mulheres lideres em Equador, onde nasceu um belíssimo romance que continua ate agora entre o Coyote Alberto e uma aguerrida mulher descendente dos povos cañares, hoje convertida em sacerdotisa das Deusas, espiritualizando a política no Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura brasileiro, e politizando a espiritualidade nas suas palestras e rodas , nos Círculos de Mulheres no Tipi da Lua e do Sol, onde quer que a Caravana se estabelece por um tempo: Verônica Sacta.
Depois foi o tempo da Grande Aldeia da Paz no Valle Sagrado do Urubamba, ao pe dos Andes, na entrada do caminho do coração dos incas a Machu Picchu, o histórico “Llamado del Condor,” nosso mais ambicioso sonho, materializado nesse ano do 2003 em Peru. Seguido de das montagens de Aldeias, um deles também muito ousado, no coração de uma das maiores capitais do Sul, Santiago de Chile, no mágico Apu Wechuraba o Cerro Blanco com nosso irmão Patara e as tribos do Arcoiris desse pais, e outro no jardim botânico de Viña del Mar, uma Aldeia focada para sanadores, curandeiros, xamas, mais com todos os outros elementos próprios de um assentamento o mais ecologicamente sustentável possível.
De Chile, nosso peregrinagem sagrado nos levou até a tam esperada e prometida Terra do Fogo, na Patagônia, deixando rodas e sementes de paz por varias cidades argentinas como Mendoza, El Bolsón, Córdoba e Ushuaia, passando por Uruguai, para dirigi-nos as terras mágicas da Chapada dos Veadeiros, o sitio escolhido pelos nossos parceiros da Caravana Omganeshbus, para levantar e montar a Aldeia de Paz do “Chamado do Beija Flor” em 2005. Outro grande desafio, que abriu as portas para que neste ano, conseguíssemos unificar as tribos das anteriores Aldeias da Paz dos Fóruns Sociais Mundiais de Porto Alegre e Caracas com a tribo internacional da Caravana Arcoiris.
No ano passado, graças a nossa longa estância em Recife, e ao contato com os Pontos de Cultura da região, não só levantamos uma Aldeia da Paz em Olinda, mais também contribuímos a fortalecer um novel processo de ecovila o Centro Ecopedagógico, Bicho do Mato. Este espaço alternativo, único no Nordeste, agora continuara sendo um projeto de Aldeia da Paz permanente, e ficamos honrados de saber que suas primeiras sementes foram plantadas pela Caravana, em agradecimento e como contrapartida pela acolhida que seus fundadores, Thomas Enlazador e Khalyne, junto com o avo Maria das Graças e os novos guerreiros Inti Kaire e Amam Terra nos ofereceram. A visão de unificar nossas forças para construir a Aldeia da Paz no FSM neste ano, surgiu precisamente numa conversa na base do Bicho do Mato, quando Thomas, Edu e eu, Coyote, compartilhamos nossas idéias e avaliamos as possibilidades de realizar este sonho. Parecia impossível, dadas as circunstancias nesse momento. Hoje, é uma pagina mais de nossa surreal e mágica historia.
A quarta vez que sai da Aldeia foi no 6 fevereiro, depois dos quatro dias que tomo para nos da Caravana levantar o acampamento, em verdade, a grande infra-estrutura com a qual nos contribuímos para seu funcionamento. Somente a lona de circo tomou dos dias para ser desmontada, já que as chuvas não permitiam que ela se secasse para poder ser dobrada e guardada no camião de produção.A estação de lavado de pratos e panelas, os muitos baralhes onde tentamos secar as roupas, e nunca conseguimos pelas chuvas constantes. Também tomou um grande tempo organizar nossas ferramentas, que nos primeiros dias da Aldeia eram as únicas existentes, e procurar as rádios de comunicação que foram indispensáveis para a segurança do acampamento e pela recepção de visitantes, inscrição de moradores, recebimento da imprensa e articulação com os órgãos de saúde, segurança e organização do Acampamento da Juventude e da UFRA.
Depois foi o turno da limpeza das nossas barracas e dos espaços comuns, banheiro seco, chuveiros, pias de água, trilhas, fogueira central, tipi do templo das deusas, refeitório, já que praticamente nos últimos três dias não ficou mais ninguém no espaço do centro agroecológico Iara, alem de uma pequena bagunceira, alcoolizada turma de pessoas provenientes dos outros acampamentos, que se negavam a sair da UFRA e ocuparam alguns dos espaços da Aldeia ate serem obrigados a abandonar o campus pelo serviço de segurança da Universidade.
Antes de sair, fizemos uma ultima repassada em todo o acampamento, para pegar as lonas pretas de plástico, roupa abandonada, pratos e outros objetos que foram distribuídos entre varias pessoas do bairro que solicitaram elas para suas famílias, e o resto do material utilizável, alimentos, panelas, ferramentas, etc, foi enviado para o grupo semente que inicio a montagem do acampamento da Rainbow Family brasileira, no município de Colares, a duas horas de Belem.
A Caravana, uma vez que nossos scouts voltaram a nossa base com reportes de vários possíveis sítios para nos deslocar depois do Fórum, se preparou para sair para o município de Castanhal, a um paraíso amazônico perto do bairro de Apeú, onde a sua proprietária, Izer Campos, mostrou interes em alojarmos por um tempo, em troca ao apoio a seu centro “Arte Fazenda” e algumas atividades para a comunidade vizinha, especialmente agora, em vésperas do Carnaval Paraense.
O dia 6 de fevereiro, véspera do aniversario do meu filho Odín, abandonamos a UFRA e Belem, com 27 pessoas de 10 paises diferentes, a maior parte ex-caravaneiros e amigos queridos que nos acompanharam neste capitulo importantíssimo de nossa lenda viva, e que estão aqui agora com nos, desfrutando um merecidissimo descanso num dos mais maravilhoso sítios onde a Caravana tem se assentado temporalmente em todos estes anos. Aqui estamos agora, carregando as nossas pilas, nos recuperando das ultimas semanas de grande stress, trabalho e dificuldades para sair de Recife, a dura semana de viagem para percorrer os 2.100 kms entre Recife e Belem, e as três semanas de enorme trabalho, emoções, encontros, atividades, programações, construção, sustentação e desmantelamento na lama e baixo a chuva, da nossa Aldeia e no Fórum, sem praticamente nenhum só dia de sol o de descanso.
O dia 7, já instalados nesta mágica e inesperada base, com um lago, um rio e uma cachoeira dentro da propriedade de 70 hectares, pegando banhos de sol e de água doce e mineral, no meio desta linda mata amazônica, todos baixo teto, incluso alguns de nos em quartos com camas e banheiros próprios, espaços de dança, de meditação, de oficinas e grande cozinha de lenha, recebei a mensagem de México que no mesmo dia de seu aniversario, Odín e Saidi tinham recebido na nossa casa de Huehuecóyotl, a mais nova e recente dos membros da grande tribo dos Ruz, uma menina, minha segunda neta, e a novidade que todo tinha acontecido da melhor maneira e todos estavam felizes de sua chegada.
Desta maneira, vou concluir este segundo e ultimo comunicado sobre o FSM e da nossa participação nele, enviando a tod@s aqueles que, respondendo a nosso Chamado da Floresta Amazônica, nos apoiaram, materialmente com doações para concertar nossos veículos e para o combustível que precisamos pelo viajem, um agradecimento enorme por acreditar em nos, e nos apoiar a realizar este sonho, a demonstrar que é tempo de acordar, e não deixar para amanha a construção de “OUTRO MUNDO POSSIVEL.”
A aqueles que nos enviaram suas benzas, boas vibrações, energia, positividade, ahos!, palavras o pensamentos de apoio e encorajem, igualmente agradecidos pela força invisível, a proteção que sempre precisamos para realizarem qualquer objetivo. Sem isso, nosso peregrinarem teria sido muito mais difícil e os desafios maiores.
E para aqueles que nem responderam ao Chamado, não nos apoiaram nem material, nem espiritualmente, alguns mesmo criticando nossa decisão de participar no Fórum, profetizando desgraças, dificuldades in-surmontaveis, agradecidos também, já que os desafios que são sobre-passados pela força da ação positiva, acabam fortalecendo a vontade, a intenção, sempre quando os objetivos são superiores e não provierem do ego e da procura da importância o ganho pessoal.
Uma outra missão que alguns meses atrás parecia impossível, agora já faz parte da historia, nossa historia, a historia da Caravana, a historia dos movimentos sociais e espirituais, a historia contemporânea da humanidade. Agradecemos ao Grande Mistério a oportunidade de poder contribuir a deixar algo melhor para os que vem depois de nos. Eu, particularmente, para meus filhos, filhas, netos e netas, para todos os que viajaram a Belem provenientes dos quatro cantos do mundo para nos acompanhar e estar presentes neste capitulo importante de nossas vidas!
E para os que nos perguntam todo o tempo do próximo capitulo da Caravana, somente podemos sinceramente respondê-los: O QUE O GRANDE MISTERIO NOS INDIQUE AGORA!!, já que nos, todavia não sabemos.
E finalmente meãs amigas e irmãos, para todos @s interessad@s no futuro do Fórum, na ultima reunião do Comitê Internacional do FSM, foi decidido que a seguinte edição do encontro terá lugar no ano 2011, e foram pré-selecionados dois possíveis lugares para assegurar sua sede: Um pais africano, a ser todavia definido, e os Estados Unidos, si as políticas exteriores de Obama Baraka favorecem um clima favorável para um evento de essa magnitude. E sobre todo, si a “guerra contra o terrorismo” inventada por Bush chega a termino, e uma nova legislação abre as portas para os milhares de altermundistas poder entrar no pais sem todos os atuais problemas que quase impossibilitam obtiver um visto para a maioria dos jovens politizados do mundo.
Enviamos muita luz, força, visão, persistência, alegria, a tod@s vocês, onde quer que se encontrem. Sempre para sempre, El Coyote Alberto Ruz.
AHO!, ARIGATO ! JAYAYA! AHA!
O´MTA KUOYASIM !!!
DEDICADO:
Aos Caravaneiros de coração, velhos e recentes, que estiveram e estão aqui, nas boas e nas piores:
Alberto Ruz Buenfil- Coyote
Bruno Marcelino
Karol Mora Sacta
Lidiane da Sà e Nathan
Luzia Roberto, Dieguinho e Abayomi
Nelson da Costa Pedro
Rafa Gentileza Barretos
Sofia Mora Sacta
Verônica Sacta Campòs
A nossos generosos apoiadores econômicos:
Becca Massey and Morgaine Avalon de US
Congreso biorregional KAW-US
Domitila de Recife
Giancarlo de Italia
Heidi Junkersfeld de US
Jean Hudon de Canadá
Joyce and Gen Marshal de US
Leonor Fuguet de Venezuela
Liora Adler de Gaia University
Marisa de Lille de México
Mark Elmy de Inglaterra
Mike Carr de Canadá
Odin Ruz de Huehuecoyotl
Pellé e o Ponto de Cultura Trilhas do Teatro- Teresinha
Rosali de Aracajú
Solon Durán de Venezuela
Stefano Mari de Italia
Suga-San de Japón
Thadeus Haas, de US
Theo Gandolfi de Suiza
Agradecimentos especiais a nossas queridas parceiras e parceiros da:
Fundação Terra Mirim: Alba Maria e Khalina
E do Centro Ecopedagógico Bicho do Mato: Thomas Enlazador, Kalinne, Maria das Graças, Inti e Amam.
A nossos caros amig@s e ex-caravaner@s que chegaram a Belem a construir e compartilhar suas experiências na Aldeia com nos:
Alberto “Ardilla” do Rainbow Internacional
Alexander Chavez de Venezuela
Anita Balado de Argentina
Ayana Dardaine de Trinidad Tobago
Celeste e Damian de Redfugios-Latinoamérica
Chelah do Beija Flor
Estrella Herrera Rossiter de la Caravana
Fátima Soares de Recife
Gema y Maria de Hispania
Genevieve Gallerand de Quebec
Gwen Peterdi de USA
Heather Finnstra de Canadá
Heidi Junkersfeld de USA
Heriberto Frias de Puerto Rico
Irene Smith de Aracajú
Jessica Rossiter de Aracajú
Ka Ribas de Belo Horizonte
Kalinne, Inti e Amam de Bicho do Mato
Leonor Fuguet de Venezuela
Leão e Peter, pioneiros do ENCA
Luiz Vieira “EL Colorado” de São Paulo
Maria Pereira de Rio de Janeiro
Mariana Motta de Belo Horizonte
Mark Elmy de Inglaterra
Martha de Bahia
Mikel do País Vasco
Ninguém Marcos de Pelotas
Pablo Bedmar de todas partes
Paola Londoño y Jaime, de Colombia
Pedro Jatobá de ITeia
Roderick de Venezuela
Solon Duran de Maracaibo, Venezuela
Sol, de Viver de Luz
Thadeus Haas de USA
Thomas Enlazador de Bicho do Mato
Tiago Jatobá e Cris de Recife
Tullio Marques de Belo Horizonte
Variña e José de Chile
Vinicius Morais de Belo Horizonte
Yoya de Venezuela
Zoeli e Emanuel de Puerto Rico
E a tod@s os guerreir@s e amazonas e demais voluntários que contribuíram substancialmente a construção e sustentação da nossa Aldeia:
Alexandre, Plebeus, Paula, Karina, Drica e Bruno, Derek, Rowina, Mowgli, Nara, Luciano, Luis Felipe, Natalia, Felipe, Mayana, Yasminsol, Andrei, Serguinho, Kariri, Sandrinha, Pablo y la Família da Luz colombiana, Gigi, Lugie, Mauro e @s pizzaoiol@s, Semente do Rainbow, Xaba, Roberto, Lautaro, Maia, Letícia, Rafael, Zecca e o pessoal do Iara, Nilton, Zhema e o pessoal do Pontao de Cultura Argonautas Ambientalistas de Amazônia, Nelsinho, Medusa e Felipe, Suzie, Laura, Adriana, Sylvain e Julie, Claudia Luz, Juliana, Wanderley, o pessoal do Ponto de Cultura Pão e Lata e dos Permacultores Nômades e do Instituto Anima, e tant@s outr@s que não consigo lembrar os nomes, mais ficam em nosso coração para sempre.
Paginas com imagens da Aldeia da Paz
www.iteia.org.br/aldeiadapaz
www.caravanaarcoiris.blogspot.com
http://www.aldeiadapaz.net/nsite/modules/news/article.php?storyid=21
http://www.wsftv.net/test
www.ybytucatu.com.br
Subcoyote Alberto Ruz Buenfil
subcoyotealberto@yahoo.com
http://caravanaarcoiris.blogspot.com/
www.lacaravana.org
Tel: (55) 91-8893-2988
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