fonte: agência Carta Maior
Foi tão importante e tão bonito, que a imprensa praticamente desconheceu. No dia 7 de outubro foram entregues as Ordens do Mérito Cutlural 2008 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em belíssima cerimônia, que conquistou o direito de ser desconhecida pela imprensa privada.
Foi a 18° versão do Prêmio, criado em 1995. Desta vez foram premiados 49 pessoas – uma parte delas post-mortem – e instituições. Entre elas, o líder indígena Ailton Krenak, o cantor Altemar Dutra, o cineasta Alselmo Duarte, o artista Athos Bulcão, o dramaturgo Benedito Ruy Barbosa, os bossanovistas Carlos Lyra, Edu Lobo, Sergio Ricardo e o precursor Johnny Alf, as cantoras Elsa Soares, Emilinha e Mercedes Sosa, os artistas Eva Todor, Dulcina de Moraes e Leonardo Villar, os escritores Guimarães Rosa, Milton Hatoum e Tatiana Belinky, o rapero Nelson Triunfo, os músicos Paulo Moura, Hans-Joachim Koellreutter, Roberto Corrêa e Pixinguinha, o grupo de dança Qauasar, o cineasta Ruy Guerra, ao intelectuais Paulo Emilio Salles Gomes, Otávio Afonso, Vicente Salles e Emanoel Araujo, a fotógrafa Claudia Andujar, o crítico de arte, Marcantonio Vilaça, o diretor teatral Orlando Miranda, a artista plástica Teresa Aguiar.
Foram também premiadas a Associação Ashaminka do Rio Amônia, da Bacia Amazônica; a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT; a Associação Brasileira de Imprensa – ABI; a Associação Comunidade Yuba, de Mirandópolis, São Paulo, que luta pela preservação da cultura dessa comunidade; Bule Bule, musico, escritor, poeta repentista, ator e cantador, do interior da Bahia; Centro Cultura Piolon, entidade cultural da Paraíba; Coletivo Nacional de Cultura do MST, que desenvolve, entre tantas outras atividades, mais de 300 grupos de teatro nos assentamentos nos quatro cantos do Brasil; Efigênia Ramos Rolim, artista plásticas popular do Paraná; Giramundo Teatro de Bonecos; a artista plástica Goiandira do Couto; o Instituto Bacarelli, de formação musical, situado em Heliopolis, São Paulo; João Candido Portinari, diretor do Projeto Portinari; Mestres da Guitarrada, movimento musical paraense; Música no Museu, do Museu Nacional de Belas Artes; e Zabé da Loca, música de 84 anos, tocadora de pífano.
Como vêem, demasiado brasileiro, demasiada auto-estima para poder receber atenção da imprensa. Nem para ouvir Elsa Soares cantando o Hino Nacional, ou ouvir um solo de Paulo Moura, ou Sergio Ricardo cantando "Te entrega Corisco", com cenas de Deus e o Diabo na Terra do Sol, ouvir a musica de Bule-Bule, escutar a Mercedes Sosa, a Nelson Triunfo e seus raperos e o conjunto de pífanos de Zabé da Loca.
Talvez a cobertura fosse diferente, se estivéssemos ainda – xô! - no governo FHC. No ano de lançamento da Ordem do Mérito Cultural, o então Ministro de Cultura, Francisco Wefort, inaugurou o prêmio atribuindo-o, entre outros a ACM (sic), a José Sarney, a Manoel Nascimento Brito e a Roberto Marinho. No segundo ano, 1996, Edemar Cid Ferreira, Olavo Setúbal, Sérgio Motta e Walter Moreira Salles. No ano seguinte foram agraciados como grandes beneméritos da cultura no Brasil, entre outros, Jorge Gerdau, José Ermirio de Moraes e José Safra. Em 1998, Lily Marinho (sic), Octávio Frias, Olavo Monteiro de Carvalho, Roseana Sarney e Ruy Mesquita.
Bastaria premiar aos grandes magnatas da imprensa privada, para que seus órgãos divulgassem, assim como os banqueiros e outros milhardários que costumam freqüentar as colunas sociais. Como ninguém da família Marinho, ou Frias, ou Mesquita, ou Civita, passou a freqüentar a lista dos premiados desde 2003, a cerimônia foi colocada na clandestinidade pela imprensa, na mentira do silêncio que merecem os grandes acontecimentos, políticas e fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais brasileiras. Depois a direita não sabe porque Lula tem 80% de apoio e 8% de rejeição...
Parabéns ao MINC, aos premiados e à Cultura Brasileira!
Um comentário:
Emir,
Parabéns ao MINC, aos premiados, à cultura nacional, a você e a todos (as) que fazem a Carta Maior.
Se não fosse este veiculo, não teria conhecimento de todos os que mereceram a homenagem. Que o o espaço da divulgação da contra cultura que estamos produzindo em muitos lugares, possa encontrar na Carta Maior uma aliada permanente de difusão e incentivo.
Abraços,
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