Observatório Sergipano de Politicas Culturais. Espaço de mobilização, articulação e (in)formação em politicas culturais
quarta-feira, 25 de junho de 2008
FELICIDADE REALISTA (Mário Quintana)
Mário Quintana
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a
gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,
sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o
aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma
temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não
basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e
fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR,
todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos
ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos
jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e
diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá
ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de
uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser
sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns
romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não
existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente
tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando
coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um
pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o
possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar
passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o
eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao
extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas
sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa
seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta
tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não
está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a
felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la
ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não
sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso
coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não
felicidade.
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