21/10/2009
Fonte: Opera Mundi
Nascido em Nova York, de pai judeu e mãe católica, Oliver Stone (1946) foi criado dentro do ecumenismo mas acabou se convertendo ao budismo. Poderia ter seguido carreira em Wall Street (que retrataria em filme homônimo em 1987), como queria o pai. Mas acabou indo para a Universidade Yale, onde passou apenas um ano.
Influenciado pela literatura de Joseph Conrad e pela música de George Harrison, lançou-se à aventura de ensinar inglês no Vietnã do Sul, onde passou seis meses, para depois viver como marinheiro, visitando a costa oeste dos Estados Unidos, desde o Oregon até o México. Retornaria a Yale com um manuscrito de mais de mil páginas, no qual pretendia retratar sua infância e adolescência. Acabou servindo no exército dos EUA, durante a Guerra do Vietnã (que retratou, em película, três vezes), de abril de 1967 a novembro de 1968. Finalmente, graduou-se na escola de cinema da Universidade de Nova York, em 1971, sob os auspícios de Martin “Taxi Driver” Scorsese.
Oliver Stone conheceu o sucesso com “Platoon” (Platoon), de 1986, supostamente sobre sua vivência no Vietnã, igualmente vencedor do Oscar daquele ano. Segundo o diretor, seria parte de uma trilogia, que se completaria com “Nascido em 4 de Julho” (Born on the 4th of July, 1989, Oscar de melhor direção) e “Entre o Céu e a Terra” (Heaven and Earth, 1993, sobre o ponto de vista dos vietnamitas).
No embalo da história dos EUA, produziria o controverso “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar” (JFK, 1991, inocentando Lee Oswald), “Nixon” (idem, 1995, que prenunciaria o Nixon/Frost, de Ron Howard) e “As Torres Gêmeas” (World Trade Center, 2006, com Nicolas Cage). Destoariam de sua filmografia histórica e política os filmes “The Doors” (idem, 1991, com Val Kilmer no papel de Jim Morrison), Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, 1994, glamorizando um casal de serial killers) e o fraco Alexandre(Alexander, 2004, sobre o rei da Macedônia que se torna imperador do mundo helênico).
A controvérsia se acentuaria na cinematografia de Oliver Stone a partir dos anos 2000. Em 2003, Stone partiria para Cuba, onde passaria três dias entrevistando Fidel Castro. Daí resultaria o documentário Comandante sobre – obviamente – política, a crise dos mísseis (1962), as crenças pessoais de Fidel, a revolução e, naturalmente, seu futuro. Embora tenha sido programado para ir ao ar em maio de 2003 no canal HBO, o documentário nunca seria exibido nos EUA, sendo encontrado apenas em DVDs importados da Inglaterra. Não satisfeito, Stone filmaria ainda Looking for Fidel (traduzido em Portugal como “Ao Encontro de Fidel”), que, finalmente, iria ao ar no início de 2004 na mesma HBO. Desta vez, além de tratar das condições de vida na ilha e das relações tumultuadas entre Cuba e EUA, Stone declararia formalmente sua admiração pela Revolução Cubana e seu apoio à soberania da ilha, longe da influência de Washington.
Nesse passo, terminaria se identificando com a chamada “Revolução Bolivariana” dentro da América Latina no início do século XXI. Nesse contexto, nasceria South of the Border(2009), o mais recente filme de Oliver Stone. O pontapé inicial para o documentário foi uma negociação entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e as Farc, da Colômbia, que o cineasta presenciou. Além disso, Stone andava intrigado com o tratamento que a mídia norte-americana dava aos presidentes latino-americanos de esquerda, dividindo-os em “bons” e “maus”. Assim, Lula estaria entre os “bons”, enquanto Chávez mais Evo Morales, da Bolívia, estariam entre os “maus”. Segundo o próprio Stone, a mídia dos EUA estaria indecisa sobre como classificar os Kirchner, da Argentina. O quadro da revolução bolivariana se completaria, evidentemente, com Rafael Correa, do Equador, Raúl Castro, de Cuba, e Fernando Lugo, do Paraguai.
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