fonte: O Globo Online - Evandro Éboli
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira a criação do vale-cultura, programa que garantirá um vale de R$ 50 mensais ao trabalhador que recebe até cinco salários mínimos.
O vale servirá para incentivar a frequência a cinemas, teatros, shows e museus, além da aquisição de livros. Os funcionários públicos federais também serão contemplados: o texto prevê que estados e municípios poderão conceder esse direito a seus servidores.
A oposição conseguiu incluir no projeto um artigo que prevê a concessão do vale-cultura também para aposentados - proposta que não tem o apoio do governo.
A empresa que aderir ao Programa Cultura do Trabalhador terá benefícios fiscais. Segundo a relatora do projeto, deputada Manuela D Ávila (PCdoB-RS), estima-se que o programa injetará R$ 3 bilhões por ano no setor cultural. O trabalhador terá descontado de seu salário o máximo de 10% do valor do vale-cultura (no máximo R$ 5).
No caso dos aposentados, o benefício será de R$ 30 por mês para quem recebe até cinco salários mínimos. Manuela calcula que, com os aposentados, o programa injetaria mais de R$ 4 bilhões por ano na cultura, chegando a um total de R$ 7 bilhões. Ela disse, porém, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetará esse artigo, caso seja aprovado também no Senado, onde o projeto vai tramitar agora. É que caberia ao INSS, que não pode se beneficiar da isenção fiscal, pagar esses R$ 4 bilhões.
- A chance de o Lula vetar é grande - disse Manuela.
O governo resistiu à ideia de conceder o vale-cultura aos aposentados. A emenda foi apresentada pelo líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), e contou inicialmente com apoio de DEM e PSDB. No momento de votar o recurso para a inclusão desta emenda na discussão, até deputados governistas se juntaram à oposição. O placar foi de 201 a 133 a favor dos aposentados.
Na votação da emenda, aprovada simbolicamente, o PT votou a favor dos aposentados. Em plenário, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), vice-líder do governo, também anunciou que Lula vetará o artigo.
Durante os debates, oposição e governo duelaram. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), disse que o governo Lula não gosta de aposentados e, por isso, vetou, a princípio, a inclusão dessa categoria como beneficiária do vale-cultura. O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), reagiu e lembrou uma frase atribuída ao ex-presidente Fernando Henrique (PSDB), que associou aposentados precoces a vagabundos.
Os papéis se inverteram quando foi votado, e aprovado, o destaque da relatora que incluía servidores públicos estaduais e municipais (e do Distrito Federal) como beneficiários. A oposição criticou.
- É uma medida eleitoreira e demagógica - disse Aníbal.
Num último lance, o DEM tentou aprovar uma emenda que pretendia excluir do projeto a proibição de pagar o vale-cultura em dinheiro. Mas a oposição foi derrotada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário