A cultura do Brasil NOVO com Haddad
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Leci Brandão. Mano Brown e Ice Blue, dos Racionais MC’s. Netinho de Paula. Arismar do Espírito Santo. Leandro Lehart. Helião. Kamau. Fernando Anitelli, d’O Teatro Mágico. Grupo Negredo. Emicida e seu irmão caçula, Evandro Fióti. Ana Cañas. Daniel Ganjaman. André Frateschi & Miranda Kassin. Bruno Morais. Andreia Dias. Rashid. Todos juntos e reunidos num recinto só: samba, rap, pagode, pop, MPB, rock independente. A música do novo Brasil encontrou-se na noite desta terça-feira com Fernando Haddad, o candidato a prefeito que pede que a cidade de São Paulo pense NOVO.
Até chegar à realização do sonho dessa reunião foi uma longa caminhada, iniciada aqui no PenseNovo.TV desde que chegamos à campanha, nesta ordem, Mauro Dahmer, eu e Bia Abramo. Não conseguíamos conceber uma candidatura progressista, do PT, ancorada em valores e símbolos NOVOS, que não compreendesse o diálogo com a música nova, a sabedoria de rua, a cultura digital, as forças periféricas que constroem o centro da cultura brasileira dos anos 2000.
Foi difícil costurar a reunião. Havíamos convidado muitos artistas do front pop para o Encontro da Cultura com Haddad, no final do primeiro turno. Poucos aderiram – a cantora Marcia Castro, o DJ Tutu Moraes, os apresentadores Leci e Anitelli. O evento foi capitaneado pelo professor Ricardo Musse (coordenador, com Vladimir Safatle, do programa de governo do PT na área de cultura – leia a partir da pág. 64). Contou com o empenho dos companheiros Renato Rovai e Sergio Amadeu, e emocionou e motivou centenas de intelectuais, juristas, arquitetos, psicanalistas, artistas de teatro, cinema etc. (veja depoimentos aqui).
O rap, por exemplo, esteve ausente naquele momento.
Para termos Mano Brown presente no evento de ontem, cantamos com ajuda modesta de um tal Luiz Inácio Lula da Silva, que telefonou pessoalmente para a maior voz viva da cultura brasileira emanada a partir da periferia.
Tímidos, Haddad e Brown entraram no estúdio juntos. Cada um por seu lado, tomaram a atitude idêntica de cumprimentar os já presentes, um por um, com apertos de mão. Dramaticamente apartadas na gestão atual, a força institucional do prefeito (ou candidato a) e a autoridade simbólica das ruas (Mano Brown e o rap) eram ali (re)apresentadas uma à outra, num processo que está apenas (re)começando. Uma certa tensão pesava o ar, mas era mais que compreensível.
Haddad se apresentou formal e humildemente, lançou algumas ideias no ar e passou a ouvir. Tinha muito a ouvir, e a aprender.
Brown demorou a se manifestar, mas foi preciso. Disse que não estava aqui para falar de cultura, mas de extermínio. Usou o termo para qualificar a atitude das polícias sob direção tucana diante das juventudes negras, rappers, funkeiras, periféricas etc. “Quem reagir morre”, modificou frase do governador Geraldo Alckmin, exemplificando com o assassinato, há poucos dias, de dois companheiros ligados ao núcleo formado pelos grupos Racionais MC’s, Negredo e Rosana Bronk’s. “O pano de fundo é a guerra contra o crime organizado, mas eles (o poder público paulista) estão matando por parecer ser”, afirmou.
Ice Blue foi igualmente certeiro: “Na grande verdade, os prefeitos e candidatos a prefeitos não sabem o que acontece com os pretos em São Paulo, nãõ têm conhecimento de como os pretos são tratados aqui. O rap, esse movimento que continua sendo discriminado e marginalizado, foi o que mudou a cidade de São Paulo”. Silêncio. “Foi o rap que mudou a cidade de São Paulo, que devolveu o orgulho e a vontade de viver para o jovem negro de São Paulo. São Paulo não oferece nada, nada para o jovem negro. Pelo contrário, só tira.” Silêncio completo.
Leci mirou o acertou no alvo do tema do preconceito: “Eu vou ser obrigada a tocar na questão da raça, porque é uma verdade que existe em São Paulo. Nós sabemos que este estado aqui tem uma marca muito séria em cima da população negra. Quando os negros se juntam, a polícia chega porque pensa que vão fazer alguma coisa errada. É um pré-conceito, né?”.
Haddad concorda, e cita explicitamente, em mais de um momento de sua fala, os elementos racistas, protofascistas, da sociedade paulistana. “O racismo existe na cidade e precisa ser enfrentado”, diz. “Essa coisa protofascista que tem em São Paulo, como diz a Marilena Chauí, não vai se inibir naturalmente. Nós precisamos ter outra coisa aqui do outro lado para ganhar o espaço disso. É preciso ter uma reação, e essa reação, no que depender de mim, não será violenta. Será mostrar que existe outro caminho.”
Em seus discursos, Leci, Brown, Blue e os rapazes do Negredo tornavam palpável o que havia dito pouco antes Cláudio Prado, representante presente do movimento Fora do Eixo, ao lado de Pablo Capilé e Bruno Torturra. Ex-produtor dos grupos Mutantes e Novos Baianos e ex-ativista digital do Ministério da Cultura nas gestões de Gilberto Gil e Juca Ferreira, Cláudio trouxe a periferia, a margem, o estado de espírito fora-do-eixo, o ativismo digital, os pontos de cultura – e a cultura como um todo – para o centro da roda. E falou na linguagem de professor, acadêmico, cientista político, filósofo etc. de Haddad.
“A grande sacada da cultura digital é ter entendido que a internet não é da centralidade da ciência. Ela é da periferia da ciência. Todas as soluções do século XXI não vêm da centralidade do sistema. A centralidade hoje é a Europa, e a Europa é monetarismo puro e está indo dar com a cara na parede”, disse Cláudio, sentado ao lado de Netinho de Paula e observando que o pagodeiro e político (do PCdoB) Netinho é, ele, em si, um ponto de cultura de São Paulo.
“A revolução cultural está vindo da periferia, não só geográfica, mas das instituições. Muita gente das quebradas nasceu e cresceu e descobriu coisas fantásticas nas lan-houses, que têm que ser estimuladas como escolas de tecnologia, oficinas”, concluiu, amalgamando em suas palavras o grito por proteção de Brown e Blue, a descentralização proposta pelo Arco do Futuro de Haddad, os laboratórios de garagem planificados em seu programa de governo para a cultura (leia à pág. 68 do plano).
Se o cérebro cultural hoje fica na periferia, como indicou mais de um dos participantes do encontro, Mano Brown torna-se aqui a principal voz da cultura brasileira atual. Está presente, apoia o candidato explicitamente e senta-se atrás de Fernando e Ana Estela Haddad, em imagem de raro poder simbólico. Ao menos hoje, centro e periferia são um organismo só, à procura nervosa por harmonia.
No diálogo, Haddad refuta a ideia corrente de que político se apresenta nas periferias em tempo de eleição e desaparece do dia da posse em diante. Diz a Brown que espera ser cobrado dele, e que espera encontrá-lo muitas vezes nos próximos anos.
“Daqui a um ano, Brown, num novo encontro, você pode dizer que ainda está ruim, ainda está difícil, mas vai dizer que o ambiente é outro, que tem uma perspectiva. A gente vai poder acompanhar isso juntos”, afirma. “Eu faço fé que a gente retome São Paulo. Esse é o nosso objetivo.”
Artistas antes resistentes a qualquer encontro e a princípio assustados com o maquinário de gravação do estúdio deixam afrouxar as tensões pouco a pouco. Discursos aqui e ali deixam entrever que, se nosso voto prevalecer, todos, de centro ou de periferia, seremos co-governantes da cidade a partir do primeiro dia do próximo ano.
Haddad se despede com um agradecimento, e leva para casa toda uma aquarela de desejos e reivindicações. Não há discurso em que não aponte a vontade geral de reocupar a cidade, as ruas, o espaço público. Netinho deposita na urna imaginária desta noite a saudade dos bailes black e o desgosto com a intolerância policial com a cultura periférica. Leci clama pelo respeito ao samba de escola, de quadra e de carnaval.
Leandro Lehart deixa a preocupação com o desrespeito imobiliário por bairros históricos como a Casa Verde e com a truculência do poder público frente aos dependentes de crack. Cantora branca de MPB, Andreia Dias resgata as próprias origens via bairro do Grajaú e a família evangélica.
Jornalista e assessora de artistas de rap, Gisele Coutinho pede luz nas praças. Emicida cobra a efetivação municipal do Plano Nacional de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra, recém-anunciado pelo governo federal. O ativista cultural Binho, promotor do sensacional Sarau do Binho, perseguido pela gestão atual, fica sem tempo de fazer sua pergunta. Mariana Bergel, representante do rapper Dexter, narrou o cuidado e a atenção à população carcerária da cidade.
Helião pede a volta das feiras culturais a bairros de periferia como Pirituba, hoje abandonados. Capilé solicita que o candidato, se eleito, respeite os movimentos sociais, “meça a temperatura” da cidade e “module suas frequências”, na “dimensão antropológica” da prefeitura.
Haddad ouve, ouve, ouve – e se despede de nós levando música nos ouvidos. À saída do tão aguardado encontro, os NOVOS espalham-se pela cidade com rostos alegres, felizes, esperançosos.
São Paulo e todas as outras cidades só mudam se mudarmos o nosso jeito de votar.
É da vida
que a vida se nutre. A vida deve ser a prioridade ou não haverá vida de espécie
alguma. Observando o momento da nossa sociedade, podemos dizer que estamos numa
transição. Ainda não nos tornamos o que precisamos ser e já não somos mais o que
éramos antes. Descemos do pedestal do topo da cadeia predatória, onde estávamos
destruindo os ecossistemas e, agora, caminhamos para uma nova consciência
planetária, onde assumimos nossa verdadeira vocação e a responsabilidade de
servir ao planeta. É fato que esta postura ultrapassada esta chegando ao fim. Os
modelos de cidades que temos hoje são parecidos com um buraco negro, onde a
concentração é tão grande que consume tudo, inclusive a própria luz. Mas podemos
criar nossas cidades como potentes centros de revitalização e expansão,
devolvendo recursos naturais e reconstruindo os ciclos da biodiversidade com
inovação e criatividade. Como podemos inverter esse sinal; passar da destruição
à nutrição e florescimento das cidades? Como transformar as cidades em espaços
de revitalização? Podemos iniciar nossa caminhada colocando em prática, por
exemplo, os valores propostos pela Carta da Terra, nos âmbitos ambiental, social
e econômico. Mas esta importante mudança passa pela mudança das atitudes e dos
valores de cada um de nós. Aliás, é estranho pensar que só agora estamos nos
dando conta de quanto nosso sistema econômico é violento - que se apropria da
vida, dos recursos naturais, e do trabalho humano de uma forma totalmente
utilitária.Como seria nossa vida se nos pautássemos pelo que somos e não pelo
que possuímos? Qual é o papel da política senão o de nos reinventar enquanto
sociedade, de cuidar das relações entre as pessoas, nas comunidades, cidades,
países e no planeta. Podemos fazer diferente. Acredito em novas formas de fazer
política. Uma política que pense na vida, em primeiro lugar.
Minha trajetória de vida como empresário socialmente responsável, líder da sociedade civil e agora na política, foi e sempre será a serviço desses princípios. E desta forma eu convido vocês nesta eleição a pensar e agir como cidadãos e cidadãs responsáveis pela transformação do que somos no que queremos ser e espalharmos juntos
essa semente de uma cidade mais transparente, justa e sustentável.
São Paulo só muda se mudarmos o nosso jeito de votar.
Ricardo Young - Vereador eleito pela cidade de São Paulo
Assista ao belo vídeo. AQUI
Minha trajetória de vida como empresário socialmente responsável, líder da sociedade civil e agora na política, foi e sempre será a serviço desses princípios. E desta forma eu convido vocês nesta eleição a pensar e agir como cidadãos e cidadãs responsáveis pela transformação do que somos no que queremos ser e espalharmos juntos
essa semente de uma cidade mais transparente, justa e sustentável.
São Paulo só muda se mudarmos o nosso jeito de votar.
Ricardo Young - Vereador eleito pela cidade de São Paulo
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Um comentário:
CONVITE:
GOSTARIA DE CONVIDAR TODOS PARA CONHECER MINHAS OBRAS DE ARTE NO SITE: http://www.anytamarques.blogspot.com. ATRAVÉS DESTAS BUSCO HOMENAGEAR A CULTURA BRASILEIRA E MUNDIAL.
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